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Pressionado pela esquerda e direita, Macron resiste a criar imposto para financiar transição ecológica

Um dos líderes mais engajados pelo planeta – pelo menos no discurso –, o presidente francês, Emmanuel Macron, enfrenta um impasse que mobiliza a classe política no país: a criação, ou não, de um novo imposto para financiar a transição ecológica. Enquanto a esquerda pressiona pela adoção da medida, a direita esbraveja contra mais um encargo e alerta para o risco de exílio fiscal dos ricos.

Imprensa francesa aborda a polêmica sobre a criação, ou não, de um novo imposto para financiar a transição ecológica.
Imprensa francesa aborda a polêmica sobre a criação, ou não, de um novo imposto para financiar a transição ecológica. via REUTERS - POOL
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A ideia seria ressuscitar o Imposto Sobre a Fortuna, descartado durante o primeiro mandato do presidente, e transformá-lo em um imposto sobre patrimônio financeiro. A finalidade específica do tributo seria bancar as medidas necessárias para o país cortar as suas emissões de gases de efeito estufa.

O jornal conservador Le Figaro publica reportagem de capa sobre o tema. “Imposto Clima: Macron vai resistir à esquerda?”, questiona a manchete desta sexta-feira (26). O editorial expõe de imediato a opinião do diário: “socorro, o Imposto Sobre a Fortuna está voltando!”.

O jornal ressalta que Macron se elegeu e reelegeu com a promessa de baixar a carga tributária na França, uma redução que deve chegar a € 2 bilhões até o fim do seu segundo mandato, em 2027. Mas na hora de encontrar novas receitas para bancar megaprojetos como a eletrificação dos transportes, o governo cogita recorrer justamente à criação de um novo tributo – em vez de promover reformas para reduzir os gastos públicos.

'Transição ecológica sem financiamento não existe'

A medida atingiria os 10% de contribuintes mais ricos do país e resultaria em € 5 bilhões de arrecadação por ano, conforme cálculos de um economista próximo do presidente. O Figaro também lembra que a esquerda não engoliu o fim do Imposto Sobre a Fortuna, em 2017, e desde então pressiona para o retorno do tributo – primeiro, para responder à crise dos coletes amarelos, depois para financiar os gastos com a pandemia de Covid-19 e, agora, para pagar a transição ecológica.

Nas páginas de Les Echos, o presidente da Comissão de Meio Ambiente no Parlamento Europeu, o francês Pascal Canfin, destaca que “transição ecológica sem financiamento não existe” e que este é um aspecto “chave” do desafio colocado para os governos. Ele afirma que a implementação do Pacto Verde Europeu está ameaçada pela falta de recursos e avalia que a criação de um imposto como o evocado na França “não deve ser um tabu”.

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