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Liga dos Campeões: Le Monde detalha relatório que mostra 'fiasco anunciado' na final entre Liverpool e Real Madrid

Um fiasco anunciado. As cenas de violência que se viu no Estádio de France, em 28 de maio do ano passado, na final da Liga dos Campeões, é fruto da negligência dos poderes públicos em relação à segurança. Essa foi a conclusão de uma investigação independente comandada pela UEFA, a União das Federações Europeias de Futebol. O relatório foi publicado pelo jornal Le Monde, que chega às bancas nesta quarta-feira (15).

Torcedores do Liverpool ficam do lado de fora, incapazes de chegar a tempo, levando ao atraso da partida antes da final da Liga dos Campeões da UEFA entre Liverpool e Real Madrid no Stade de France em Saint-Denis, norte de Paris, em 28 de maio de 2022.
Torcedores do Liverpool ficam do lado de fora, incapazes de chegar a tempo, levando ao atraso da partida antes da final da Liga dos Campeões da UEFA entre Liverpool e Real Madrid no Stade de France em Saint-Denis, norte de Paris, em 28 de maio de 2022. AFP - THOMAS COEX
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O documento de 151 páginas não faz parte de um processo legal formal. Ele é resultado de uma apuração de oito meses feita por juristas, pesquisadores e representantes das associações de torcedores, junto aos protagonistas daquela final “calamitosa” do futebol europeu, ocorrida em Saint-Denis, entre o Liverpool e o Real Madrid.

A conclusão demonstra “a responsabilidade das autoridades francesas em colocar em perigo milhares de torcedores britânicos e espanhóis, na quase totalidade pacíficos, ameaçados de esmagamento, agredidos por bandos de delinquentes e atingidos por gás lacrimogênio lançado pelas forças de ordem, escreve o Le Monde.  

Na origem de tudo, explica o texto, estaria uma “ameaça hooligan” fantasma e o medo de quebra-quebra, associados à denúncia de ingressos falsos. O relatório aponta não ter encontrado indícios de uma “fraude massiva e industrial” de tickets e que “o problema dos falsos bilhetes foi exagerado”.  

Trajeto dificultado

Outro problema apontado foi a escolha do trajeto para o acesso dos torcedores, longo e com pontos de estrangulamento, que poderiam ocasionar congestionamento de pessoas. As condições de entrada no estádio foram alteradas naquela data, em razão de uma greve no transporte público e a necessidade de garantir trens nessas condições.

“Eu tinha certeza de que as pessoas seriam esmagadas à morte”, relata um torcedor inglês, em um dos 700 depoimentos selecionados pelos investigadores, entre 8500 contribuições escritas. A falta de informação adequada no local do jogo ajudou a “elevar os ânimos”, descreve o relatório encomendado pela UEFA.

E quando as agressões começaram do lado de fora do estádio, não havia policiamento, apesar “de uma situação pouco clara, caótica e perigosa”, cita o texto, o que teria encorajado os delinquentes a agirem. Muitos torcedores acabaram ficando encurralados entre as brigas e a lentidão para entrar no local da partida. Eles “esperavam em ordem e tentavam proteger os mais vulneráveis, enquanto aguardavam que a polícia interviesse maciçamente”, descreve o jornal.  

"400 metros de inferno"

“Foram 400 metros de inferno”, diz Ted Morris, um torcedor inglês portador de deficiência sobre a experiência no Estádio de France. Já Emílio Dumas, torcedor espanhol, conta cenas de roubos ocorridas diante dos policiais, que nada faziam além de gritar: “avancem”. “Eu nunca vi uma polícia tão inútil e passiva”, denuncia o torcedor do Real Madrid.

O documento termina com 21 recomendações para o ministério do Interior e dos Esportes da França para “revisar seu modelo de gestão” de grandes eventos esportivos e usar seus batalhões de choque “de maneira proporcional”.

Contatados pela reportagem do Le Monde, nem o ministério do Interior nem a Polícia haviam respondido, até a publicação da reportagem.

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