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Franceses se preparam para a "batalha da Previdência", destacam jornais após o anúncio da reforma

A reforma da Previdência na França, anunciada ontem pela primeira-ministra Élisabeth Borne, é manchete em todos os jornais franceses nesta quarta-feira (11). Enquanto algumas publicações são mais didáticas, explicando cada ponto da controversa reforma, outras apontam para as manifestações e greves já previstas para combatê-la. 

Dia nacional de greve dos trabalhadores para pressionar por aumentos salariais e pelo fim do projeto de reforma previdenciária, em Paris, em 29 de setembro de 2022.
Dia nacional de greve dos trabalhadores para pressionar por aumentos salariais e pelo fim do projeto de reforma previdenciária, em Paris, em 29 de setembro de 2022. AFP - STEPHANE DE SAKUTIN
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A principal medida – e um dos pontos mais sensíveis desta reforma – será a extensão da idade mínima de aposentadoria para 64 anos, contra os 62 atuais. Apesar dos esforços do governo para justificar a proposta, essa medida continua altamente impopular. Mais de dois terços dos franceses (68%) são contra o adiamento para 64 anos, de acordo com uma pesquisa do Ifop-Fiducial.

"Começa a luta contra a reforma da Previdência", anuncia o diário Le Figaro. Reunidos ontem à noite na Bolsa do Trabalho de Paris, os sindicatos – como CFDT, Força Operária, Solidários, FSU e CGT – convocaram os trabalhadores a se mobilizar "fortemente", durante um primeiro dia de manifestações e greve marcado para 19 de janeiro. Fato raro nos últimos anos, a reforma é contestada por todos os sindicatos de trabalhadores do país, mesmo aqueles considerados reformistas.

O encontro da esquerda francesa para traçar uma estratégia comum de luta contra a reforma é a manchete do Libération. "A esquerda busca a fagulha que vai acender a mobilização contra a reforma da Previdência", diz o jornal.

Esquerda reunida

Na terça-feira, logo após a apresentação das principais linhas do projeto de governo, a esquerda francesa se reuniu em Paris. Apesar de algumas divergências sobre a estratégia a adotar para travar a batalha, todos os componentes do Novo Núcleo Popular Ecológico e Social (Nupes) estiveram no palco do salão Olympe de Gouges, no 11º distrito de Paris.

O nome do salão não é por acaso: a revolucionária francesa Olympe de Gouges (1748-1793) é tida como emblema pelos movimentos de libertação das mulheres. Além de seu compromisso feminista, ela também fez campanha pelos direitos dos oprimidos e lutou pela igualdade em geral. É, portanto, um símbolo da esquerda francesa. 

Uma manifestante segura um cartaz com um desenho do presidente Emmanuel Macron onde se lê:  'Vamos fazer greve até a aposentadoria' durante uma manifestação em Paris, em 18 de outubro de 2022, contra a reforma previdenciária, o aumento dos preços da energia e do custo de vida.
Uma manifestante segura um cartaz com um desenho do presidente Emmanuel Macron onde se lê: 'Vamos fazer greve até a aposentadoria' durante uma manifestação em Paris, em 18 de outubro de 2022, contra a reforma previdenciária, o aumento dos preços da energia e do custo de vida. AFP - ALAIN JOCARD

Em um cartaz exibido durante este encontro, se lia: "O trabalho prejudica a saúde depois dos 60 anos".

"Élisabeth Borne louva a 'justiça' do projeto do governo", destaca Le Monde, que sublinha, além do aumento da idade mínima, a aceleração do alargamento do período contributivo para 43 anos, as medidas a favor das "carreiras longas" e o aumento da pensão mínima para € 1.200 brutos, cerca de 85% do salário mínimo, a partir de setembro de 2023. 

A idade mínima legal de aposentadoria foi, portanto, alterada em dois anos, inclusive para regimes especiais. No entanto, o Executivo detalhou inúmeras medidas destinadas a tornar a reforma mais aceitável pela população, explica o diário econômico Les Echos.

Le Parisien, por sua vez, questiona se o governo francês precisará adotar o dispositivo constitucional 49.3, que permite ao Executivo adotar um projeto de lei sem votação no Parlamento. O jornal destaca em manchete a frase do ministro da Economia, Bruno Le Maire: “Não há brutalidade nem desequilíbrio naquilo que propomos”. O presidente Emmanuel Macron já chegou, inclusive, a ameaçar dissolver a Assembleia Nacional para fazer passar a reforma. 

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