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Mudanças climáticas: calor e chuva fecham metade das estações de esqui da França

De acordo com levantamento das estações de esqui da França (DSF) publicado nesta terça-feira (27), metade das pistas do país - especialmente nos Pirineus (sul), Vosges (leste) e no Massif Central (centro) tiveram que fechar. As temperaturas elevadas para essa época do ano, acompanhadas de chuvas nos últimos dias nas montanhas, perturbaram as atividades das estações de esqui alpino nessa temporada, principalmente as mais baixas.

Esta fotografia tirada em 27 de dezembro de 2022 mostra um teleférico parado na estação de esqui Le Semnoz, perto de Annecy, nos Alpes franceses. A estação teve de fechar temporariamente devido à falta de neve.
Esta fotografia tirada em 27 de dezembro de 2022 mostra um teleférico parado na estação de esqui Le Semnoz, perto de Annecy, nos Alpes franceses. A estação teve de fechar temporariamente devido à falta de neve. © AFP - Jeff Pachoud
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“Nós começamos o feriado de Natal com boas condições, depois de uma onda de frio e de neve, mas a partir do fim da última semana o calor levou ao fechamento de metade das pistas”, disse Laurent Reynaud, responsável pela DSF à AFP.

Os Alpes do Sul, com três quartos das pistas abertas, e os Alpes do Norte, em especial a região da Savoie, são as regiões menos prejudicadas.  

A França experimentou um Natal particularmente ameno este ano, com temperaturas bem acima da média sazonal e o segundo mais quente desde o período pós-guerra. "Estamos muito desapontados! As aulas de esqui do meu filho de seis anos foram canceladas e minha mãe veio especialmente de Israel para esquiar", lamentou nesta terça-feira Ayan Mazzega, uma israelense de 38 anos, consternada com as pistas mais verdes do que brancas na montanha do Semnoz, no sudeste do país. A estação teve que fechar suas 18 pistas de esqui alpino por falta de neve. "Hoje estamos aproveitando o sol, mas é triste. Gostamos dos pequenos espaços de lazer, mas estão todos fechados. Então deixamos os esquis no carro e vamos passear", explicou a moradora de Genebra.

"Nosso início de temporada é complicado, mas não devemos ser pessimistas. Em fevereiro ou março saberemos se a temporada foi boa ou não", estima Gianni Ragona, diretor de três estações em Haute-Garonne (sudoeste).

Falta neve   

Na estação Vosges de Schnepfenried (nordeste), “apenas uma das 17 pistas está aberta, além das pistas para crianças”, explica à AFP Nicolas Buhl, gerente da estação localizada entre 1.000 a 1.260 metros acima do nível do mar.

"Estamos preocupados, falta neve. Há ansiedade em manter as reservas dos esquiadores, o tempo dirá o quanto a situação terá impacto sobre elas", afirma Jean-Luc Boch, presidente da Associação Nacional de Prefeitos de Estações de Montanha (ANMSM). “A não abertura há dois anos devido à epidemia de Covid já deixou prejuízo, ainda que no ano passado a temporada tenha sido boa. As condições devem voltar a ser favoráveis ​​para as cerca de 400 mil pessoas que vivem da atividade de montanha”, acredita.

Essa situação é consequência do aquecimento global provocado pelo modo de vida moderno. Ao queimar carvão, petróleo e gás para transporte, aquecimento ou alimentação, os seres humanos liberam quantidades cada vez maiores de gases de efeito estufa na atmosfera, que retêm o calor do sol e aquecem o clima.

Em seu relatório entregue em agosto de 2022, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) alerta que na Europa "a frequência de períodos de frio e dias de geada diminuirá" e que "o declínio significativo das geleiras, permafrost e cobertura de neve, bem como o encurtamento da temporada de neve" já observado vai "continuar".

"Vivemos cada vez mais dificuldades no início de dezembro e a neve cai cada vez mais em altitude, nas encostas viradas para o norte. Esta alteração climática levou a nos adaptarmos com neve artificial, mas também desenvolvendo outras atividades", continua o prefeito de La Plagne Tarentaise (sudeste), cuja área mais alta é relativamente poupada da falta de neve. "Janeiro, fevereiro e março representam cerca de 80% do volume de negócios. Não dá para se preocupar antes da hora", conclui Gianni Ragona, nos Pireneus.

Mas as previsões de curto prazo não tranquilizarão os esportistas da montanha: de acordo com a agência nacional de meteorologia francesa, Météo-France, ainda são esperadas temperaturas bem acima do normal neste fim de semana, tanto nas planícies quanto em altitudes.

(Com informações da AFP e FranceInfo)

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