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Crise energética: França pode ter apagões em 60% do país, trens cancelados e escolas fechadas

Trens cancelados, escolas fechadas no período da manhã, cidades na escuridão. Os prefeitos de toda a França estão em alerta para antecipar possíveis cortes de energia. Os jornais regionais Nice Matin, La Montagne e DNA desta sexta-feira (2) trazem o tema na capa. O Nice Matin se questiona, enquanto o inverno se aproxima: "Logo passaremos às velas?". 

O governo enviará uma circular às autoridades locais para antecipar e preparar seus departamentos para eventuais cortes de energia programados.
O governo enviará uma circular às autoridades locais para antecipar e preparar seus departamentos para eventuais cortes de energia programados. AFP - DAMIEN MEYER
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O governo enviará uma circular às autoridades locais para antecipar e preparar seus departamentos para eventuais cortes de energia programados, que podem afetar 60% da população, mas nenhum local crítico, como hospitais, postos de polícia e de bombeiros. 

Caberá às administrações locais - assim que as cartas do governo central sejam enviadas - organizar soluções, como colocar policiais e bombeiros em alerta, para que, em caso de problema, os habitantes possam pedir ajuda. 

Eles vão precisar organizar também um reforço da presença da polícia na via pública, que estará na escuridão. A questão dos cortes telefônicos, móveis e fixos, e consequentemente do acesso aos números de emergência, é uma das principais preocupações há várias semanas, reconhece o governo, a respeito de um projeto que ainda não está totalmente concluído.

Além do corte de iluminação pública nas áreas potencialmente afetadas, os trens poderiam ser cancelados para evitar que os viajantes ficassem presos no meio da via porque a sinalização seria cortada. Os prefeitos também terão que se atentar ao caso das cidades onde há metrô, pois deixar as pessoas presas por duas horas não pode ser uma opção.

Escolas fechadas?

O governo também anuncia que está considerando, com o Ministério da Educação Nacional, o fechamento das escolas pela manhã nas áreas afetadas pelos cortes. Esses cortes – caso aconteçam - ocorreriam entre 8h e 13h e entre 18h e 20h. Será inverno e o sol nasce mais tarde. O governo não quer escolas abertas sem luz, calefação e alarmes, o que colocaria os professores em uma situação insustentável.

O jornal Libération, por sua vez, destaca uma afirmação na última terça-feira (29) do porta-voz do governo francês, Olivier Véran, que disse que "o plano de sobriedade energética já está dando frutos". 

Mas, enquanto Verán fala de um esforço coletivo da população francesa, em que os cidadãos adotam "pequenos gestos cotidianos" para diminuir a temperatura do aquecimento das residências neste fim de outono, a queda no consumo na França tem outro motivo. 

Queda no consumo já é real

De acordo com a RTE (Rede de Transporte de Energia Elétrica), a queda no consumo de energia elétrica nas últimas quatro semanas é de até 6,4%, em relação ao período 2014-2019. 

Mas esse declínio é em grande parte, senão exclusivamente, atribuível à redução do consumo pela grande indústria. E por razões que têm menos a ver com virtude ou sensibilidade do que com restrições de preços de energia e dificuldades de abastecimento que afetam a produção.

Sabendo que grande parte do consumo das famílias está ligada ao aquecimento, os “ecogestos” poderão ser mais perceptíveis quando as temperaturas (ainda amenas em novembro) baixarem ainda mais.

Para o jornal econômico Les Echos, o governo não quer deixar de antecipar as tensões que podem surgir a partir de janeiro. A dificuldade toda é preparar a mente das pessoas para possíveis blecautes sem causar muita preocupação na opinião pública.

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