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França: governo convoca grevistas para desbloquear refinarias e estoques de combustíveis

Alguns setores da economia francesa já encontram sérias dificuldades para manter suas atividades, após duas semanas de greve total ou parcial em seis das sete refinarias de petróleo do país. Um terço dos postos de gasolina estavam sem combustíveis nesta quarta-feira (12). Profissionais de saúde que dependem do carro para trabalhar, ambulâncias, bombeiros, taxistas, agricultores, o transporte escolar e a coleta de lixo são afetados pela paralisação em várias regiões do país.

Perímetro de segurança estabelecido para veículos prioritários em um posto de gasolina da Total em Douchy-les-Mines, no norte da França.
Perímetro de segurança estabelecido para veículos prioritários em um posto de gasolina da Total em Douchy-les-Mines, no norte da França. © AFP/François Lo Presti
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O governo francês decidiu convocar na terça-feira (11) de volta ao trabalho os grevistas da Esso Exxonmobil, após a assinatura de um acordo entre dois sindicatos e a direção da empresa. No entanto, em resposta a esta interferência, os trabalhadores se retiraram das negociações e anunciaram, nesta quarta-feira (12), a prorrogação da mobilização. 

A greve prolongada pode começar a afetar os transportes públicos e o abastecimento em geral, destaca o jornal Libération. Especialistas advertem que mesmo com uma retomada do trabalho, a normalização no abastecimento dos postos pode necessitar de dez dias. Apesar desse contexto, a convocação dos grevistas pelas autoridades do Estado – uma possibilidade prevista na legislação, desde que respeitadas algumas condições –, é vista como uma decisão arriscada. O governo joga "gasolina no fogo", avalia o Libération, por interferir no direito de greve dos trabalhadores.

No começo do movimento, o poder Executivo se manteve discreto, deixando as negociações por conta das empresas e sindicatos do setor. Mas com 31% dos postos sem diesel e gasolina, e a ameaça de uma paralisação do país, o governo decidiu agir. "Um desacordo sobre salários não justifica o bloqueio do país", afirmou a primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, diante do Parlamento na terça-feira.

Crise energética

O jornal Le Figaro compara as negociações a "um diálogo entre surdos", que bloqueia as possibilidades de colocar um fim ao conflito. Enquanto a direção da TotalEnergies exige que os grevistas voltem ao trabalho como condição para sentar à mesa de discussões, os sindicatos querem negociar sem suspender a mobilização. 

O governo francês insiste na necessidade de diálogo entre centrais sindicais e empresas. Ao mesmo tempo, o poder Executivo também ameaça obrigar os grevistas da TotalEnergies a voltarem ao trabalho, como fez com os da Esso Exxonmobil.

Para o Le Figaro, a greve nas refinarias agrava a crise energética que o país atravessa. A França, que já tinha dificuldades no abastecimento de gás, devido ao corte das importações da Rússia, e também na geração de eletricidade, devido à manutenção de mais da metade de seu parque nuclear, agora enfrenta a falta de combustíveis.

O jornal Le Parisien salienta que o governo francês decidiu endurecer sua estratégia porque percebeu que um conflito banal começava a se transformar em crise nacional. De acordo com este diário, a indiferença do Executivo, que minimizou a greve nos primeiros dias, era incompreensível para os franceses que passam horas em filas para abastecer o carro. 

Além disso, a publicação salienta não ter certeza se os grevistas são apoiados em sua mobilização, principalmente depois da TotalEnergies afirmar que um empregado de suas refinarias ganha por volta de  € 5 mil por mês, mais que o dobro da média salarial na França.

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