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Greve de trabalhadores em refinarias deixa 15% de postos de gasolina da França sem combustível

A escassez de combustíveis nos postos de gasolina castiga os motoristas franceses. Uma greve dos trabalhadores da TotalEnergies, que bloqueiam várias refinarias, se estende há dez dias. Segundo o governo francês, 15% dos postos estão completa ou parcialmente desabastecidos.

Motoristas franceses fazem fila em um posto de gasolina da TotalEnergies em Marselha, no sul da França, em 6 de outubro de 2022.
Motoristas franceses fazem fila em um posto de gasolina da TotalEnergies em Marselha, no sul da França, em 6 de outubro de 2022. AFP - NICOLAS TUCAT
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A reportagem da RFI foi até a refinaria da Total no Havre, no norte da França, conversar com os grevistas. Eles exigem 10% de aumento nos salários, no contexto do aumento da inflação nos últimos meses.

“Vemos que no fim do mês temos cada vez menos dinheiro ou não temos mais. Os gastos aumentaram com energia elétrica, gasolina”, diz David Guillemard, que trabalha há 22 anos na empresa. "Minha esposa trabalha longe de casa e é obrigada gastar um tanque de gasolina por semana. Encher o tanque hoje ficou muito caro, pagamos mais de € 100 há tempos."

Os altos lucros da Total e os € 5 bilhões de dividendos repassados aos aciositas da multinacional irritam os trabalhadores.

“Tem dinheiro nessa empresa. A Total não é uma pequena padaria que tem que sobreviver em meio à crise. Essa é uma empresa que surfa na crise, que se beneficia da crise, que registra lucros excepcionais, apesar da situação atual. Por isso, acreditamos que os trabalhadores devem receber uma parte disso e manter seus níveis de vida”, diz o sindicalista Alexis Antionoli.

Além da refinaria do Havre, a biorefinaria (que trabalha com biomassa) de La Mède, no sudeste, e o depósito de combustíveis de Flandres, também no norte, estão paralisados nesta sexta-feira, além da base de carregamento de Grandpuits, na região parisiense.

Outra greve também bloqueia duas refinarias da Esso-ExxonMobil na França.

Sem informações

Está difícil avaliar a realidade da situação, já que a TotalEnergies, que administra quase um terço dos postos de gasolina da França, se recusa a comunicar o número de bombas que estão vazias. Um mapa da empresa na internet, no entanto, mostra que a maioria dos 3,5 mil pontos está sem combustível.

O governo francês pressionou nesta sexta-feira (7) o grupo para colocar fim à greve. “Eu peço às empresas envolvidas que, em sua maioria, têm bons resultados, considerem as demandas por aumento de salário”, declarou Olivia Grégoire, secretária de Estado para Pequenas e Médias Empresas, em entrevista à France Info. Ela não citou diretamente a Total e seus US$ 10,6 bilhões de lucro no primeiro semestre.

“Quem pode esperar um pouquinho, não corra para os postos porque isso aumentará o problema”, pediu o ministro dos Transportes, Clément Beaune, durante uma coletiva de imprensa.

O governo proibiu a venda e a compra de combustíveis em galões, autorizou excepcionalmente a circulação de caminhões-tanque no domingo e ativou, de maneira temporária, os estoques estratégicos do Estado, principalmente nas regiões onde a tensão nos postos é maior.

Prioridade para saúde e bombeiros

As autoridades francesas começam a requisitar bombas para uso de profissionais de saúde e bombeiros. No norte do país, mais de 30 postos foram reservados para veículos de emergência, na quinta-feira (6).

Nestes locais, policiais verificam a identidade dos motoristas que vão abastecer. Eles devem ser profissionais de saúde, motoristas de ambulância ou de transportes funerários. Para os outros motoristas, a solução é, muitas vezes, cruzar a fronteira para abastecer na Bélgica.

(Com AFP)

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