Hospital na França é atacado por hackers; entenda por que este crime é recorrente
Um hospital ao sul de Paris, na França, sofre desde sábado (20) um ataque cibernético que está provocando graves problemas e interrupções de atendimentos, de acordo com o centro de saúde, que relatou que os hackers estão pedindo um resgate de US$ 10 milhões. Estes ataques, cada vez mais comuns na França, rendem mais que o tráfico de drogas, segundo um especialista ouvido pela rádio Franceinfo.
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"As equipes de informática se deram conta de que havia um problema. Acharam que era uma falha, mas quando chegou um pedido de resgate de US$ 10 milhões, entenderam [que era um ataque cibernético]", explicou o diretor do hospital, Giller Calmes. Segundo uma fonte policial, a mensagem estava em inglês.
Esse ataque contra o Centro Hospitalar Sud-Francilien (CHSF) faz com que "no momento, estejam inacessíveis todo o software comercial, os sistemas de armazenamento (em particular, de imagens médicas) e o sistema de informação relacionado às admissões", indicou na segunda-feira (22) o hospital, que está tendo que encaminhar pacientes não urgentes para outras unidades de saúde.
Foi aberta na promotoria de Paris uma investigação por invasão ao sistema informático e tentativa de extorsão por parte de um grupo organizado. Segundo uma fonte próxima, "foi identificada uma família de ransomware", tipo de software malicioso destinado a sequestrar dados.
O CHSF, que serve uma população de cerca de 600 mil pessoas, ativou um plano de emergência para garantir a continuidade de parte de seu atendimento.
Por que os hackers frequentemente visam hospitais?
Nesta terça-feira (23), o site da Franceinfo fez um levantamento: foram 380 ataques cibernéticos a hospitais na França em 2021 segundo a Agência de Saúde Digital, um aumento de 70% em relação a 2020. Cinco deles colocaram em risco a vida dos pacientes.
Esses ataques podem paralisar o sistema de computadores de um hospital inteiro, como em Villefranche-sur-Saône (centro) em 2021, onde 3.000 computadores foram desligados. No mesmo ano, o hospital Dax (sudoeste) também perdeu todos os dados dos pacientes. O sistema informático teve de ser totalmente reformulado, com um custo total de € 2,4 milhões.
Os hackers enviam um link fraudulento, então um vírus paralisa o sistema do computador. Um resgate é então exigido por bandas altamente organizadas. “É completamente profissional, o dinheiro da pirataria hoje excedeu em muito o das drogas”, disse Pascal Le Digol, especialista em segurança cibernética da empresa Watchguard.
Os dados podem, então, ser vendidos. Cobra-se até € 300 por um arquivo médico, no mercado paralelo, que é muito mais do que o pago por dados bancários.
Os hospitais franceses devem gastar de 5% a 10% de seu orçamento de TI em segurança cibernética. Segundo alguns especialistas, eles ainda estariam longe da meta.
(Com AFP)
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