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Seca no Brasil impacta em prejuízo para resseguradora francesa

O grupo de resseguros francês Scor divulgou nesta quinta-feira (28) um prejuízo líquido de € 239 milhões no primeiro semestre, marcado pela guerra na Ucrânia e pelo impacto de vários desastres naturais, incluindo uma seca extraordinária no Brasil. O valor equivale a R$ 1,269 bilhão. 

Seca no Nordeste Brasileiro. Foto-ilustração
Seca no Nordeste Brasileiro. Foto-ilustração Creative Commons CC0 / Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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"É um resultado negativo, que está se deteriorando", admitiu o gerente geral da instituição, Laurent Rousseau, em uma entrevista coletiva.

No segundo trimestre deste ano, o grupo registrou um prejuízo líquido de € 159 milhões, depois de um primeiro trimestre já no vermelho, com perdas de € 80 milhões. O desempenho é "muito pior do que o esperado". O mercado já havia sido alertado para "a probabilidade de perdas" no segundo trimestre, segundo analistas do banco de investimentos americano Jefferies.

O resultado contrasta com o do primeiro semestre de 2021, quando a empresa, cujo negócio é segurar as seguradoras, faturou € 380 milhões. "É difícil imaginar um primeiro semestre mais difícil para o Scor do que o de 2022", resumem os analistas, notando “o aumento das perdas ligadas a catástrofes".

Um relatório divulgado pelo monitor de Secas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), divulgado em abril, apontava um crescimento da seca grave e extrema nos últimos dois anos nas regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil. Segundo especialistas, a escassez de chuvas pelo terceiro ano seguido também prolongava o impacto.

A seca descrita como extraordinária no Brasil tem forte influência na deterioração das contas do primeiro semestre de 2022. Inicialmente estimado em € 200 milhões, o custo desta seca foi, finalmente, de € 193 milhões -.a maior parte relativa ao segundo trimestre.

Tempestades na França

O episódio deve ser analisado em um contexto amplo de maior impacto ligado à catástrofes naturais provocadas por alterações climáticas, materializadas, também, por “grandes inundações na África do Sul e tempestades na França”, entre os meses de abril e junho.

Os temporais que atingiram a França em junho causaram a morte de uma mulher e deixaram 15 feridos, além de 15 mil residências sem energia elétrica. Em algumas áreas, pedras de granizo destruíram vinhedos, plantações de legumes e cereais. Na época, o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, disse que era "a primeira vez em 20 anos" que uma parte tão extensa do território francês havia sido simultaneamente afetada pelas chuvas.

A provisão de € 85 milhões feita no primeiro trimestre para a guerra na Ucrânia permanece inalterada.

Os resultados do grupo Scor também foram prejudicados pelo que os analistas chamam de "inflação social" nos Estados Unidos, ou seja, "júris e tribunais particularmente abertos à reabertura de indenizações para empresas e indivíduos". É o caso, por exemplo, dos episódios de violência sexual do início dos anos 1980, "cujo prazo de prescrição foi reaberto", explica Laurent Rousseau. O grupo Scor era ressegurador de dioceses.

Os prêmios brutos emitidos, equivalentes ao volume de negócios, no entanto, aumentaram 8,3% a taxas de câmbio constantes no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2021, para € 9,69 bilhões.

O mercado de ações não recebeu bem esses resultados na manhã de quinta-feira: o título perdeu 13,61% de seu valor para € 17,70, o pior desempenho do índice SBF 120. Desde o início do ano, as ações do grupo Scor em bolsa perderam 35% do seu valor.

Neste "ambiente complexo", o Scor "mantém o rumo e se prepara para enfrentar ventos contrários e aproveitar as correntes mais fortes que estão por vir", indica o grupo em seu comunicado de imprensa. A estratégia inclui reduzir sua exposição a "perigos sensíveis ao clima".

Fundado em 1970, o SCOR Re é um dos cinco maiores resseguradores do mundo, com atuação em países como Hong Kong, Reino Unido, Estados Unidos da América, México, Espanha, Colômbia, Austrália, Canadá, Singapura e Brasil. Com mais de três mil clientes e faturamento anual de € 5,9 bilhões, o grupo possui escritórios em 52 países.

Em 2008, foi a primeira resseguradora internacional do ramo vida a receber autorização da Superintendência de Seguros Privados (Susep) para atuar no Brasil, logo após a reabertura do mercado ressegurador no país.  

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