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Novo governo francês tem ministro negro defensor das minorias, mas nenhum ecologista

A revelação do gabinete da nova primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, nesta sexta-feira (20), ilustra a continuidade do governo do presidente Emmanuel Macron, vencedor das eleições de abril na França. Mas o ministério traz algumas surpresas, como a nomeação de um intelectual defensor das minorias para a Educação. Já a ausência de um nome ecologista causa ceticismo quanto às promessas do presidente na área ambiental.

Historiador franco-senegalês Pap Ndiaye será o novo ministro da Educação da França. (foto de 2012)
Historiador franco-senegalês Pap Ndiaye será o novo ministro da Educação da França. (foto de 2012) AFP - MEHDI FEDOUACH
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Alguns dos ministros que ocupavam as principais pastas na reta final do primeiro mandato de Macron permanecerão nos cargos: ​​o conservador Bruno Le Maire segue à frente do Ministério da Economia, Finanças e Soberania Industrial e Digital, Gérald Darmanin continua no Interior e Eric Dupond-Moretti permanece na Justiça, apesar da relações conflituosa que mantém com os sindicatos dos magistrados. Clément Beaune também continua no Ministério de Assuntos Europeus e Franck Riester, no Comércio Exterior.

A diplomata Catherine Colonna é a nova ministra das Relações Exteriores, a segunda mulher a ocupar o cargo na história do país. A própria Élisabeth Borne também é a segunda mulher a ocupar a função de chefe de Governo na França. 

Colonna foi ministra de Assuntos Europeus de 2005 a 2007 e atualmente era embaixatriz no Reino Unido. Na Cultura, quem assume é a franco-libanesa Rima Abdul Malak, até então assessora do presidente para assuntos culturais. Figura na gestão da crise do Covid, Olivier Véran sai da Saúde e assume as Relações com o Parlamento.

Extrema direita critica novo ministro, “militante da imigração"

Já a escolha do historiador Pap Ndiaye — um intelectual negro especialista na história social dos Estados Unidos e das minorias — para o ministério da Educação suscitou uma onda de críticas da extrema direita. O respeitado pesquisador de 56 anos, que até então dirigia o Palais de la Porte Dorée, espaço onde fica o Museu da História da Imigração, é filho de pai senegalês e mãe francesa e assumirá um ministério que atravessa tensões sociais.

Marine Le Pen e Éric Zemmour, expoentes da extrema direita, acusam o novo ministro de querer "desconstruir" a história do país e de ser um "militante da imigração”. “A nomeação de Pap Ndiaye, um suposto indigenista, para a Educação Nacional é a última pedra na desconstrução de nosso país, seus valores e seu futuro”, disse Marine Le Pen, acrescentando a necessidade de "proteger nossa juventude das piores ideologias”.

"Um ativista imigratório para reeducar nossos filhos para 'conviver' com os migrantes e desconstruir a História da França. Esta nomeação ultrapassa os limites da provocação", escreveu Julien Odoul, porta-voz do partido de Marine Le Pen, Reunião Nacional (RN), no Twitter.

"Emmanuel Macron disse que a história da França tinha que ser desconstruída. Pap Ndiaye cuidará disso", reagiu Éric Zemmour, o ex-candidato pelo recém-fundado partido Reconquista!, considerado mais extremista do que o Reunião Nacional.

Esquerda lamenta ausência de ecologistas

Na esquerda, o foco do descontentamento foi bem diferente: a ausência de um nome tradicionalmente ecologista no novo gabinete. Amélie de Montchalin é a nova ministra da Transição Ecológica e Coesão Territorial e Agnès Pannier-Runacher, ex-secretária especial para a Indústria, ganha a pasta da Transição Energética. Junto com a premiê, as três serão as responsáveis pelo planejamento ecológico e energético, uma promessa do segundo mandato de Macron.

“Onde foi parar a  virada ecológica e social?”, provocou Jean-Luc Mélenchon, líder da esquerda radical e terceiro lugar na eleição presidencial. "De qualquer forma, esta equipe está aqui apenas por um mês", acrescentou, em referência às eleições legislativas de junho no país.

Julien Bayou, secretário-geral do Europa Ecologia-Verdes, afirmou que “é um governo de continuidade da inação climática”. Para ele, as nomeações de Amélie de Montchalin e Agnès Pannier-Runacher “são só para constar”: “são dois perfis que nunca mostraram o menor interesse em ecologia”, explicou.

O novo governo, composto por 27 ministros e secretários de Estado (entre eles 13 mulheres), deverá se reunir para um primeiro Conselho de Ministros na segunda-feira (23).

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