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Eleição francesa: candidata da extrema direita propõe multa para véu muçulmano

A candidata do partido Reunião Nacional, Marine Le Pen, uma das favoritas ao segundo turno da eleição presidencial francesa, voltou a defender, nesta quinta-feira (7), a proibição do véu muçulmano nos espaços públicos. Ela afirmou que, se eleita, vai instituir uma multa para as mulheres que usarem o acessório. "Vamos criar uma contravenção, similar àquela cobrada por não colocar o cinto de segurança", comparou a candidata, em entrevista à rádio francesa RTL.  

Marine Le Pen durante participação no programa "10 Minutes pour Convaincre" (10 Minutos para Convencer), no canal de TV francês TF1. Em Boulogne-Billancourt, 6 de abril de 2022.
Marine Le Pen durante participação no programa "10 Minutes pour Convaincre" (10 Minutos para Convencer), no canal de TV francês TF1. Em Boulogne-Billancourt, 6 de abril de 2022. REUTERS - POOL
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A proibição do véu muçulmano é "uma demanda dos franceses", assegurou. De acordo com Marine Le Pen, nos últimos vinte anos, o acessório foi usado como um "uniforme e uma demonstração do avanço islâmico." A candidata, entretanto, descartou a possibilidade de proibir o uso do quipá pelos judeus.

Marine Le Pen apresentou, em janeiro de 2021, seu projeto de luta contra a "ideologia islâmica", que ela considera "totalitária" e que estaria "por toda parte." A candidata de extrema direita espera, segundo suas próprias palavras, banir o islamismo de "todas as esferas da sociedade", começando pelo véu muçulmano.

O texto apresentado durante a campanha pelo partido Reunião Nacional proíbe a "prática, a manifestação e a difusão pública" no cinema, na imprensa e nas escolas da "ideologia islâmica."

O eurodeputado do partido de Le Pen, Jean-Paul Garraud, apontado como seu futuro ministro da Justiça, disse que "a proposta não pode ser considerada como um ataque à "liberdade de consciência." Ao ser questionado sobre a constitucionalidade do texto, ele declarou que seria necessário inserir novos dispositivos legais, antes de "autocensurá-lo por 'medo' do Conselho Constitucional", instituição francesa que assegura o respeito à Constituição do país.

A candidata já postou "selfies" durante sua campanha com mulheres que usavam o véu muçulmano, e foi criticada por Jean Messiha, ex-membro de seu partido. Messiha agora apoia o outro candidato de extrema direita que disputa a eleição, Éric Zemmour, que apresentou um programa ainda mais radical. "O que você teria feito", questionou Le Pen. "Você teria arrancado o véu dela, a teria maltratado?", acrescentando que o ex-correligionário deveria entender um pouco melhor "o ser humano."

A candidata de extrema direita Marine le Pen, aperta a mão de um comerciante em Courtenay, região central da França.
A candidata de extrema direita Marine le Pen, aperta a mão de um comerciante em Courtenay, região central da França. AFP - GUILLAUME SOUVANT

Radical, mas com fama de "simpática"

O primeiro turno da eleição francesa acontece neste domingo (10). O presidente francês, Emmanuel Macron, que tenta sua reeleição, e a candidata da extrema direita estão praticamente empatados. Uma nova pesquisa, publicada nesta quinta-feira pelo instituto Opinionway-Kéa Partners, mostrou que Macron teria 26% dos votos, contra 22% para Marine Le Pen. No segundo turno, o chefe de Estado venceria com 53%.

Marine Le Pen, de 53 anos, perdeu em 2017 no segundo turno para Emmanuel Macron, com 33,9% de votos. No final de março, ela disse que nunca esteve tão perto da vitória. Advogada de formação, ela tem adotado a estratégia de romper com a imagem extremista de seu partido, apesar do programa de governo radical. Seu partido defende, por exemplo, medidas, como a chamada "preferência nacional": o acesso ao emprego, à moradia e às ajudas sociais serão reservadas aos franceses ou estrangeiros que já possuam a nacionalidade.

Mas, diante do candidato Éric Zemmour, a candidata de extrema direita parece moderada aos olhos dos eleitores menos atentos. Suas medidas incluem propostas explicitamente xenófobas. Ele já defendeu na TV, por exemplo, que estrangeiros que obtiveram a cidadania sejam obrigados a batizar seus filhos com nomes franceses.

A candidata de Reunião Nacional tem, dessa forma, aproveitado do radicalismo de seu concorrente para amenizar sua imagem associada ao extremismo de direita, e é até mesmo considerada "simpática" por uma parte da população que não compactua com suas ideias. O objetivo é deixar para trás o acalorado debate tête-à-tête com Macron de 2017, que derrubou suas chances de ser eleita. Na época ela foi criticada por sua "agressividade" e "sua falta de preparo".

(RFI e AFP)

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