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McDonald's da França é atacado por sindicatos por causa de práticas de fornecedores brasileiros

A cadeia de fast food McDonald's France foi alertada a respeitar a lei sobre a vigilância de fornecedores por sindicatos franceses e brasileiros que denunciaram nesta quarta-feira (30) falhas sociais e ambientais em seus fornecedores brasileiros. Segundo relatório do grupo de investigação independente Repórter Brasil, o McDonald's francês estaria vinculado, por meio de seus fornecedores brasileiros, a práticas de desmatamento na Amazônia.

McDonald's francês estaria vinculado, por meio de seus fornecedores brasileiros, a práticas de desmatamento na Amazônia.
McDonald's francês estaria vinculado, por meio de seus fornecedores brasileiros, a práticas de desmatamento na Amazônia. AFP/File
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Desde 2017, a lei de vigilância de fornecedores obriga as multinacionais na França a garantir uma atividade de produção que respeite os direitos humanos e o meio ambiente, inclusive em seus parceiros no exterior.

Se uma empresa francesa não implementar um plano de diligência coerente com a legislação, qualquer pessoa pode notificá-la formalmente. E se após três meses esta mesma empresa ainda não estiver cumprindo com suas obrigações de vigilância de fornecedores, um juiz pode ordenar que ela pague uma multa até que o faça.

"Pedimos que dentro de três meses seja publicado um plano de vigilância na rede McDonald's de acordo com as exigências legais", escreveu a CGT, o maior sindicato da França, e os sindicatos brasileiros CUT e UGT, dirigindo-se ao chefe da subsidiária francesa da empresa, bem como ao seu diretor norte-americano.

Em uma declaração, o McDonald's da França reagiu dizendo que estava "no processo de finalizar a certificação de um relatório de vigilância" após "dois anos de trabalho". A empresa disse que estava "voluntariamente comprometida [com a vigilância]" porque acredita que "não está sujeita" à lei, já que a organização da rede em franquias limita a força de trabalho do grupo.

Os três sindicatos acusam o grupo de "violações dos direitos humanos, liberdades fundamentais, saúde e segurança das pessoas e do meio ambiente", tanto na França como nas práticas de certos fornecedores brasileiros de café ou suco de laranja. Na França, os signatários da carta apontam também as falhas da rede de fast food ao "não levar em conta" numerosos casos de assédio sexual em seus restaurantes.

Problemas com fornecedor brasileiro

O McDonald's, que se compromete a comprar seu café de fornecedores que obtiveram a certificação de boas práticas, também está sendo criticado por violações de conduta de seu principal fornecedor cafeeiro no Brasil: uma de suas plantações teria perdido a certificação após o uso de pesticidas em condições de risco.

Duas multas também foram impostas em 2019 ao fornecedor brasileiro por "violação das regras sobre horas máximas de trabalho e períodos mínimos de descanso", acusam os sindicatos franceses e brasileiros.

Em relação ao Brasil, o McDonald's  afirmou que "exige as melhores garantias na luta contra o desmatamento, a preservação dos direitos humanos e a proteção do meio ambiente com a certificação efetiva de todas as fazendas locais pela Rainforest Alliance e Proterra", apontou o grupo, que assegura que inúmeras "auditorias sociais" são realizadas regularmente em seus fornecedores no país.

Se "forem encontradas práticas contrárias aos regulamentos em vigor ou às nossas especificações, o McDonald's França tomará imediatamente todas as medidas necessárias para remediar a situação", disse o gigante do fast food.

Nesta quarta-feira (30), o grupo independente de investigação Repórter Brasil publicou um relatório vinculando a rede McDonald's ao desmatamento e abusos nas relações trabalhistas tanto no Pantanal, quanto na Amazônia brasileira.

O grupo analisou diversos casos de carne de vaca proveniente de fazendas ilegais, cuja origem era ocultada enviando o gado a matadouros de propriedade da JBS, fornecedora brasileira da gigante do fast food. A cadeia de produção da carne de vaca do Brasil é a principal responsável pelo desmatamento amazônico, que me 2021 alcançou os níveis mais altos em 15 anos.

(Com AFP e Repórter Brasil)

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