França já sacrificou 10 milhões de aves para controlar gripe aviária
A França já sacrificou dez milhões de aves nos criadouros desde novembro de 2021 para tentar conter um surto gripe aviária, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (23) pelo Ministério da Agricultura. O balanço, que supera o dos anos anteriores, foi provocado por um surto sem precedentes no oeste do país.
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Desde o primeiro caso registrado no norte da França, no final de novembro, o vírus se propagou em cerca de 1.000 fazendas. Quase metade dos animais foi abatida no Pays de la Loire, região no oeste do país e a segunda mais importante no setor de criação de aves, depois da Bretanha.
Em geral, as crises ligadas à gripe aviária se concentram no sudoeste, em especial nas granjas de patos, onde é produzido o foie gras. O patê obtido através da alimentação forçada do animal, que causa uma hipertrofia no fígado, é uma iguaria francesa. O processo de produção do foie gras, é, aliás, constantemente denunciado por associações de defesa dos direitos dos animais.
Em 2021, quase 500 focos foram registrados, e 3,5 milhões de animais, principalmente patos, sacrificados. No total, 34 países europeus foram afetados pelo vírus neste ano.
Além da França, a gripe aviária atingiu, sobretudo, o norte da Itália, com 18 milhões de animais abatidos. "Nossa prioridade é impedir o vírus de continuar a se propagar", explicou o ministro da Agricultura Julien Denormandie, em visita à região da Vendée, também afetada pelo vírus.
Repercussões industriais
Os criadores de aves já alertaram que a oferta da carne e de foie gras vai diminuir. As granjas, após o abate das aves, deverão ficar vazias durante semanas, para que o vírus seja totalmente eliminado dos locais. Em seguida, será necessário ainda mais tempo para que os animais voltem a ser comercializados.
"A título de exemplo, são necessários quatro meses entre a chegada de um filhote de Peru em uma criação e a venda de sua carne no mercado", explicou a associação Anvol, que reúne as principais empresas do setor, em um comunicado. "A situação é dramática para os criadores e vai gerar uma redução da atividade, e talvez a paralisação em alguns locais, embora ainda seja cedo para avaliar o impacto direto dessa crise, que é inédita", escreveu em um comunicado a LDC, uma das líderes do setor.
Em geral, as aves são mortas por eutanásia: um produto letal é injetado ou elas respiram gás CO2. Mas os criadores afirmam que, muitas vezes, devem cavar fossas para esconder as carcaças dos animais contaminados em propriedades próximas ou "desligar a ventilação nos criadouros para matar as aves por asfixia".
Segundo o ministro francês da Agricultura, esse tipo de situação é excepcional, mas pode ser autorizada em alguns casos para evitar que os animais contaminados "sofram durante dias".
(Com informações da AFP)
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