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França: candidato de extrema direita é denunciado por negar deportação de gays no Holocausto

Seis associações anunciaram, nesta quarta-feira (23), que prestaram queixa contra o candidato de extrema direita à eleição presidencial da França, Éric Zemmour, por negar a existência de crimes contra a humanidade e a deportação de homossexuais durante a Segunda Guerra Mundial. 

Eric Zemmour é conhecido por suas declarações polêmicas.
Eric Zemmour é conhecido por suas declarações polêmicas. REUTERS - JOHANNA GERON
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As associações de combate à homofobia – Inter LGBT, Stop Homophobie, SOS Homophobie, Mousse, Adheos e Quazar – baseiam a denúncia em uma frase do último livro de Zemmour. Na publicação, o jornalista e agora candidato à presidência afirmou que "a deportação na França de homossexuais pela sua 'orientação sexual', como se diz agora, era uma 'lenda'".

Zemmour relembra no livro um episódio envolvento Jean-François Copé, ex-dirigente do partido conservador União por um Movimento Popular (agora Os Republicanos), em 2012. Na época, Copé expulsou o parlamentar Christian Vanneste "por causa da polêmica que provocou ao afirmar que a deportação dos homossexuais na França era uma 'lenda'", explica o candidato. Ao comentar o caso, Zemmour escreve que o legislador expulso "tem razão" ao mencionar o fato como uma "lenda".

Em sua denúncia, as associações afirmam que "a deportação de homossexuais durante a Segunda Guerra Mundial é uma realidade histórica estabelecida", reconhecida por vários líderes franceses, como o ex-presidente Jacques Chirac em 2005.

Com base em estudos históricos, esses grupos afirmam que "na França, ao menos 500 homens acusados de homossexualidade foram detidos. Entre eles, ao menos 200 foram deportados durante a ocupação alemã".

Reescrever a história para justificar homofobia

As associações acusam Zemmour de "falsificar a história para justificar suas posições homofóbicas" e afirmam que a denúncia é a primeira contra alguém por "negar a realidade da deportação de homossexuais durante a Segunda Guerra Mundial".

O candidato não se manifestou sobre esse nova polêmica. "Não tenho conhecimento da denúncia. Reagirei quando souber do que se trata", declarou seu advogado, Olivier Pardo. No entanto, sua equipe de campanha se disse surpresa que “uma queixa seja apresentada a 19 dias da eleição, sobre um livro publicado em setembro passado, e que na época ninguém comentou esse trecho do texto”.

Conhecido por suas declarações polêmicas, Zemmour já foi julgado e absolvido em primeira instância por negar a existência de crimes contra a humanidade, quando afirmou que o marechal colaboracionista francês Philippe Pétain "salvou" os judeus franceses. O julgamento em apelação ocorreu em janeiro e o veredito é esperado para depois da eleição presidencial, cujo primeiro turno acontece em 10 de abril.

Segundo uma pesquisa de opinião divulgada nesta quarta-feira, Zemmour teria 11% dos votos no primeiro turno da eleição presidencial. Ele aparece em terceiro lugar, atrás da líder da extrema direita, Marine Le Pen, com 19,5% das intenções de voto. O atual chefe de Estado continua liderando as pesquisas, com 29,5%.

(Com informações da AFP)

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