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Governo francês pede "calma e diálogo" após morte na prisão de independentista da Córsega

O porta-voz do governo francês, Gabriel Attal, pediu nesta terça-feira (22) "calma e diálogo" na Córsega, um dia após o anúncio da morte de Yvan Colonna, garantindo que "toda a luz será lançada" sobre a agressão de que foi vítima, na prisão, o mais célebre independentista da ilha francesa.

O independentista Yvan Colonna morreu em 21 de março de 2022
O independentista Yvan Colonna morreu em 21 de março de 2022 © DANIEL PIER NURPHOTO VIA AFP
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Yvan Colonna, 61, foi condenado à prisão perpétua pelo assassinato do governador da Córsega, Claude Erignac, em 1998 e morreu em um hospital de Marselha, no sul da França, na segunda-feira (21). A morte foi confirmada por seu advogado, Patrice Spinosi, que transmitiu uma mensagem da família. Uma fonte da polícia, que não quis se identificar, confirmou a morte à agência AFP.

O prisioneiro morreu depois de três semanas em coma, após ter sido atacado violentamente por um outro detendo radicalizado. A agressão provocou uma explosão de protestos na Córsega, com manifestações às vezes violentas em toda a ilha.

A tranquilidade finalmente retornou à região na semana passada, após uma visita de três dias do ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, durante a qual ele prometeu discussões com as autoridades da Córsega que poderiam levar a uma eventual autonomia para a comunidade.

"Todos sabem os motivos que levaram Yvan Colonna à prisão, o assassinato a sangue frio do governador Erignac, mas as circunstâncias dramáticas em que ele foi morto são obviamente muito chocantes", sublinhou Gabriel Attal, enviando suas condolências à família. "Vamos apurar o que aconteceu, as responsabilidades", disse, lembrando que um inquérito foi aberto para apurar o caso.

Attal relembrou, ainda, as condições estabelecidas pelo governo francês para o avanço das negociações: "obviamente a manutenção da Córsega na República e o fato de que nunca aceitaremos que existam duas categorias de cidadãos".

Colonna sempre negou envolvimento no crime

O segundo de três irmãos, Yvan Colonna, nasceu em 7 de abril de 1960 em Ajaccio, na Córsega. Ele deixou a ilha ainda adolescente e mudou-se para Nice, no sul da França. Na Côte d'Azur, estudou para ser professor de educação física, como o seu pai, Jean-Hugues Colonna, que entrou para a política e se tornou deputado socialista na região dos Alpes-Marítimos (sul), em 1981.

O amor de Yvan Colonna por sua ilha natal rapidamente o fez abandonar os estudos para retornar ao reduto de sua família em Cargèse, ao norte de Ajaccio, onde trabalhou como salva-vidas e supervisor escolar, antes de se estabelecer como pastor de cabras.

Suspeito pela polícia de ser um "soldado" da Frente de Libertação Nacional da Córsega (FLNC), uma organização clandestina, Colonna admitiu ter sido "um ativista político". De 1995 até o seu interrogatório sobre o assassinato do prefeito, não se ouviu falar dele.

Em 6 de fevereiro de 1998, Claude Erignac, prefeito da Córsega por dois anos, foi assassinado. Um "ato bárbaro... sem precedentes em nossa história", disse, à época, o presidente francês, Jacques Chirac.

Em maio de 1999, quando os membros do grupo suspeito do assassinato foram presos e as primeiras denúncias foram feitas, Yvan Colonna fugiu. Quatro anos se passaram até a sua prisão, em julho de 2003. A polícia seguiu o rastro de Colonna da Venezuela à Sardenha, passando por Vanuatu, no Oceano Pacífico, ou Costa Rica, enquanto ele estava em sua ilha, em um curral perto de Propriano (sul).

Uma longa saga jurídica se seguiu, com três julgamentos antes de uma sentença final de prisão perpétua, em 2011. Yvan Colonna, no entanto, sempre negou sua participação no crime. "Eu nunca matei ninguém, nunca pensei em matar ninguém", insistiu durante o seu último julgamento. Porém, assumia publicamente: "Sou nacionalista, acho que sempre serei". Ele declarou que havia deixado o ativismo em 1989-1990, após o nascimento de seu primeiro filho, para se dedicar à família e à criação de cabras.

(Com informações da AFP)

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