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Macron aposta em retomada da energia nuclear na França e mantém suspense sobre reeleição

A imprensa francesa desta sexta-feira (11) analisa a campanha favorável à energia nuclear, defendida pelo presidente francês, Emmanuel Macron, e o suspense sobre o lançamento de sua candidatura à reeleição.

Na quinta-feira, em visita à uma fábrica de turbinas em Belfort, no leste do país, o presidente prometeu o "renascimento do nuclear francês" para enfrentar o aumento do consumo de eletricidade.
Na quinta-feira, em visita à uma fábrica de turbinas em Belfort, no leste do país, o presidente prometeu o "renascimento do nuclear francês" para enfrentar o aumento do consumo de eletricidade. REUTERS - POOL
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Na quinta-feira (11), em visita a uma fábrica de turbinas em Belfort, no leste do país, o presidente prometeu o "renascimento' da energia nuclear na França para enfrentar o aumento do consumo de eletricidade. Macron anunciou que o país construirá seis novas usinas nucleares até 2050 e irá avaliar a possibilidade de iniciar a construção de outras oito. "A França está escolhendo sua independência e liberdade", disse o chefe de Estado.

Para transformar a França no primeiro país a abandonar combustíveis fósseis, Emmanuel Macron pretende produzir energia elétrica desenvolvendo energias renováveis, além de apostar na construção de reatores nucleares. O presidente planeja a instalação de seis reatores EPR de nova geração, para aumentar a vida útil dos reatores em serviço e instalar 50 parques eólicos no mar, em 30 anos.

Para Jacques Percebois, professor emérito da Universidade de Montpellier e diretor do Centro de Pesquisa em Economia e Direito da Energia (CREDEN), os anúncios de Emmanuel Macron são ambiciosos. “A novidade é que ele pede à EDF (empresa estatal de distribuição de energia) para prolongar o funcionamento de seus reatores. Não apenas a França não fecha mais suas centrais nucleares, mas decide fazer novas”, disse o pesquisador, em entrevista à RFI. Ele destaca ainda, que “há um programa ambicioso voltado para os renováveis. Apesar do destaque para o nuclear, o governo anunciou o desenvolvimento de projetos de energia solar e energia eólica off shore”.  

Promessa de campanha

O jornal Le Parisien lembra que o candidato Macron prometeu, em 2017, reduzir de 75 para 50% a parte nuclear da produção energética do país. A mudança é criticada por seus adversários, mas seus apoiadores consideram a decisão pragmática, levando em consideração a descarbonização da economia. Para o jornal, o tema da energia nuclear é um dos "objetivos políticos fortes" da campanha para as eleições presidenciais de abril de 2022, porque divide opiniões e é extremamente atual, devido ao aumento dos preços da eletricidade.

Para o jornal Libération, com o projeto, o chefe de Estado aposta na energia nuclear para garantir a "segurança do abastecimento" e alcançar os objetivos de neutralidade carbono, em 2050. Para isso, Macron também prometeu um investimento massivo em energias renováveis "para responder às necessidades imediatas", além de simplificar sua regulamentação.

O presidente, que ainda não oficializou sua candidatura à reeleição, criticou de maneira velada o candidato ecologista, Yannick Jadot, e da extrema esquerda, Jean-Luc Mélenchon, que, segundo ele, propõem uma estratégia única de abastecimento energético que descarta o nuclear.

“Aqueles que afirmam que nós não precisamos de nuclear, imaginam a França totalmente dependente em termos de energia e tendo que importar, com custos proibitivos, energia carbonizada. É isso que aqueles que defendem a saída do nuclear propõem hoje aos franceses”, afirmou Macron. Para Yves Marignac, presidente da Associação Negawatt pela transição energética sustentável, Macron defende a ideia de "mudar o modelo sem parar de produzir" e "prega um controle do consumo sem passar pela restrição".

Entrevistado pelo Libé, o deputado ecologista Matthiew Orphelin lamenta o que considera como uma ação de campanha que ignora energias renováveis e denuncia o forte lobby do nuclear na França. "Macron discursou em Belfort como candidato ou chefe de Estado?", questiona.

Interesse estratégico

A manchete do jornal Le Figaro diz que Macron irrita seus adversários. Ao mesmo tempo que faz campanha, o presidente mantém o suspense sobre a sua candidatura. Para o jornal, existe um "interesse estratégico" em atrasar o anúncio da candidatura. O objetivo é cansar seus concorrentes "que estão sozinhos no ringue" e administrar melhor sua agenda, entre as funções de candidato e presidente.

O risco é que o suspense passe a incomodar os franceses. De acordo com uma pesquisa de opinião da consultoria Odoxa Backbone para Le Figaro, 68% dos franceses querem que Emmanuel Macron esclareça suas intenções para as eleições presidenciais.

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