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AF447: Airbus e Air France enfrentam novo julgamento sobre queda do voo Rio-Paris em 2009

Quase 13 anos após o acidente do voo Rio-Paris que matou 228 pessoas, as companhias Airbus e Air France serão julgadas novamente em Paris, de 10 de outubro a 8 de dezembro. As empresas responderão por "homicídio culposo" – informou uma fonte judicial nesta quinta-feira (10).

Parte do avião da Air France sendo resgatada no mar apos queda da aeronave durante a rota entre Rio de Janeiro e Paris.
Parte do avião da Air France sendo resgatada no mar apos queda da aeronave durante a rota entre Rio de Janeiro e Paris. © REUTERS/Brazilian Air Force/Handout
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Em 1º de junho de 2009, o voo AF447 que fazia a rota Rio de Janeiro-Paris caiu no meio do Atlântico, matando 216 passageiros e 12 tripulantes. A tragédia começou com o congelamento nos sensores Pitot da aeronave em pleno trajeto. O problema desencadeou uma série de problemas técnicos no Airbus A330, que passou a indicar velocidades errôneas e desorientou os pilotos, que em seguida efetuaram manobras equivocadas. Elas levaram à perda de sustentação do avião, que acabou despencando de mais de 10 mil quilômetros de altura.

As duas caixas-pretas do AF447 foram resgatadas após quase dois anos submersas a 3.900 metros de profundidade no local onde a aeronave afundou. A investigação provocou uma verdadeira batalha entre especialistas para estabelecer as responsabilidades na queda da aeronave.

No relatório divulgado em 2012 pela BEA, a agência de aviação francesa que investiga acidentes aéreos, a conclusão é que a queda ocorreu por um erro de pilotagem -o que gerou protestos entre os pilotos da Air France, que alegaram não terem sido suficientemente treinados para lidar com uma aeronave nessas condições - além do problema técnico que confundiu os pilotos, no dia do acidente, as condições meteorológicas eram ruins e havia muita turbulência.

Imagem do momento da descoberta das caixas-pretas do voo AF447, em maio de 2011, mostrada no documentário "A Caça ao Voo Rio-Paris", do diretor francês Simon Kessler.
Imagem do momento da descoberta das caixas-pretas do voo AF447, em maio de 2011, mostrada no documentário "A Caça ao Voo Rio-Paris", do diretor francês Simon Kessler. Fabrice Gardel / Simon Kessler

Após dez anos de processo, os juízes de instrução encerraram o caso em 2019, argumentando que a investigação não permitiu estabelecer "uma responsabilidade criminal da Airbus, ou da Air France, em conexão (...) com as falhas de pilotagem (...) que provocaram o acidente". Mas esta decisão inicial, que chocou famílias e sindicatos de pilotos, foi finalmente anulada em recurso em maio de 2021, abrindo caminho para este julgamento.

Ausência de treinamento

O Tribunal de Apelação de Paris considerou que a companhia aérea "se absteve de implementar um treinamento adequado (...) e de informar as tripulações" sobre a falha técnica encontrada, "o que impediu os pilotos de reagirem da maneira necessária", segundo uma fonte próxima ao caso. A corte também considerou que a Airbus "subestimou a gravidade dos problemas nas sondas anemométricas (...) ao não tomar todas as medidas necessárias para informar as tripulações com urgência (...) e ajudá-las a treinar efetivamente", relatou a mesma fonte.

Considerado como o motivo do desastre, o gelo nessas sondas estava no centro das batalhas da perícia. Acreditando que não havia "culpa criminal", a companhia aérea e o fabricante pediram que o caso fosse encaminhado para o tribunal correcional, mas a Corte de Cassação considerou esses recursos inadmissíveis em agosto do ano passado. 

Cerimônia em memória das vítimas do voo, em 2009
Cerimônia em memória das vítimas do voo, em 2009 AFP/Air France

Em 2012, a primeira perícia mostrou erros da tripulação, problemas técnicos e falta de informações dos pilotos no caso de congelamento das sondas, apesar dos incidentes anteriores relatados à empresa Airbus, que trocou parte dos sensores de sua frota. A fabricante pediu então uma segunda perícia, que se concentrou, principalmente, em uma "reação inadequada da tripulação" e nas deficiências da Air France.

Considerando este segundo relatório muito favorável à Airbus, parentes das vítimas e a companhia aérea recorreram à Corte de Apelação de Paris, atacando a "contra-perícia", que ordenou sua anulação e a reabertura da investigação.

(Com informações da AFP)

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