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Nova Caledônia tem vitória esmagadora do "não" à independência, com abstenção recorde

O “não” à independência venceu de forma esmagadora neste domingo (12) durante o terceiro referendo de autodeterminação na Nova Caledônia, marcado por uma abstenção recorde, após o apelo dos separatistas de não comparecimento às urnas. O “não” à independência deste estratégico arquipélago francês do Pacífico Sul venceu por 96,49%, de acordo com resultados oficiais.

O terceiro referendo da Nova Caledônia sobre a independência em relação à França registrou uma abstenção significativa, com separatistas boicotando a votação.
O terceiro referendo da Nova Caledônia sobre a independência em relação à França registrou uma abstenção significativa, com separatistas boicotando a votação. © lci
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Os separatistas anunciaram que não iriam às urnas, alegando a impossibilidade de organizar "uma campanha justa" quando o arquipélago é afetado desde setembro pela epidemia de Covid-19 e que a população Kanak passa por um profundo luto. A campanha do FLNKS (Frente de Liberação Nacional kanak e socialista) pela não participação e de todos os nacionalistas parece ter sido seguido à risca. A adesão ao pleito até o fechamento da sessão, às 17h locais (3h em Brasília), foi de 41,6%, uma queda livre em comparação aos referendos anteriores.

Nesse contexto, a vitória dos apoiadores ao governo francês era esperada e todos os estados já estão considerando suas propostas para o futuro.

Em junho, em Paris, os atores caledonianos haviam decidido com o Estado que a partir de 12 de dezembro se daria início a “um período de estabilidade e convergência” antes de um “referendo do projeto” em junho de 2023, que, em caso de “sim” neste domingo, estaria relacionado com o Constituição de um novo Estado e, em caso de “não”, a um novo estatuto na República.

O diálogo, entretanto, não será tão fácil. Os FLNKS e os nacionalistas já avisaram na quinta-feira (9) que rejeitam qualquer reunião com o ministro dos Territórios Ultramarinos, Sébastien Lecornu – que chegou a Nouméa na sexta-feira (10) – antes das eleições presidenciais francesas em abril de 2022.

“Alguns dos partidos políticos pró-independência não desejam negociar antes das eleições presidenciais. O Estado também não pretende confundir agilidade e pressa nesta importante fase. A declaração de Paris em 1 de junho, que vem garantir o fim do acordo de Nouméa, permite que este período de transição seja considerado até junho de 2023 ”, afirmou a comitiva do ministro.

“A França é mais bonita...”

O presidente francês, Emmanuel Macron, saudou a vitória do "não" à independência do território, afirmando que "a França é mais bonita porque a Nova Caledônia decidiu ficar", embora reconheça "a extensão da tarefa" para o período de transição que se inicia.

Macron insistiu especialmente na necessidade de preparar "um período de conciliação que liberte da alternativa binária entre o sim e o não e que nos leve a construir um projeto comum".

Ele citou não apenas as questões institucionais e jurídicas para construir uma "nova organização política", mas também enumerou a lista de problemas a serem resolvidos na Nova Caledônia: "a situação econômica, da saúde, a recuperação pós-pandemia, o equilíbrio das contas públicas [...] a redução das desigualdades que fragilizam a unidade do arquipélago, a estratégia do níquel, a autonomia alimentar e energética, os impostos, um crescimento mais justo e com maior respeito pela natureza”, sem esquecer “a situação das mulheres da Nova Caledônia”.

Resultado “não legítimo”

A classe política saudou amplamente a vitória do “não” à independência neste terceiro referendo da Nova Caledônia. O líder do partido de extrema esquerda France Insoumise, Jean-Luc Mélenchon, no entanto, considerou o resultado "não legítimo" devido à altíssima taxa de abstenção.

“É um grande momento de felicidade”, reagiu em um programa da France TV a candidata do Les Républicains (LR) à eleição presidencial, Valérie Pécresse, “porque, para mim, obviamente, a Nova Caledônia é a França, os territórios ultramarinos são a França”. “Houve uma escolha, uma escolha clara, uma escolha massiva”, disse ela, enfatizando, no entanto, que este referendo “é apenas um ponto de partida”. “Agora teremos que construir o futuro da Nova Caledônia”, sublinhou, acrescentando que “isso também exigirá um forte investimento do Estado”.

"A Nova Caledônia continua francesa! Devemos agora trabalhar para restaurar a unidade. Eu o farei", tuitou a candidata da extrema direita Marine Le Pen.

Já o candidato Eric Zemmour falou com os habitantes da Nova Caledônia em um vídeo no Twitter. "Sua vontade é definitiva. Você é francês e vai continuar assim!", declarou ele.

O Ministro do Interior, Gerald Darmanin, por sua vez, saudou o referendo por ter sido realizado "em condições de segurança completamente aceitáveis ​​apesar da crise sanitária". Ele também elogiou a "coragem" de Emmanuel Macron por ter realizado "três referendos durante seu mandato de cinco anos".

(Com informações da AFP)

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