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França: Manifestantes em Paris denunciam discurso "racista" de ex-jornalista candidato à presidência

Quase 2.200 pessoas se manifestaram em Paris neste domingo (5), de acordo com a polícia, contra a candidatura do ex-jornalista de extrema direita Éric Zemmour às eleições presidenciais francesas, de abril de 2022. Os manifestantes, convocados por 50 sindicatos, partidos e associações, denunciaram o discurso “racista” do candidato. O primeiro comício de Zemmour foi marcado por hostilidades contra jornalistas e violência.

Um ciclista arranca cartazes do candidato de extrema direita à presidência, Eric Zemmour, em Lyon, na França.
Um ciclista arranca cartazes do candidato de extrema direita à presidência, Eric Zemmour, em Lyon, na França. Tolga Akmen AFP
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Com os punhos levantados e gritando “Zemmour fora, Paris não é sua”, os manifestantes se reuniram no bairro de Barbès, no norte da capital francesa, e marcharam em direção ao parque de la Villette, onde o ex-jornalista realizaria seu primeiro comício de campanha. Finalmente, o evento foi deslocado para a cidade de Villepinte, 20 km ao norte de Paris, devido ao “entusiasmo do público” e por razões de segurança, segundo a equipe do candidato.

“Zemmour fugiu de Paris”, ironizou Simon Duteil, porta-voz da união sindical Solidaires. “É importante mostrar que não vamos permitir que o fascismo avance”.

As ideias da extrema direita são banalizadas. Nós defendemos ideias humanistas”, afirmou Jean Luc Hacquart, responsável da organização sindical CGT da região Île de France, que engloba Paris.

A manifestação terminou de maneira pacífica ao chegar no parque de la Villette. Apesar de ser considerada “de risco” pela polícia, apenas duas pessoas foram detidas. Segundo os organizadores quase 10.000 pessoas participaram.

Militantes hostis ao candidato de extrema direita se reagruparam em Villepinte, onde 46 pessoas, que estavam em uma zona interditada para manifestações, foram detidas, segundo a Secretaria de Segurança pública.

Hostilidade contra jornalistas e violência

No comício, no parque de exposições de Villepinte, jornalistas foram recebidos de maneira hostil pelo público presente. A equipe de um canal de tevê chegou a ser retirada do local.

Éric Zemmour, sua equipe e apoiadores, no comício em Villepinte, em 5 de dezembro de 2021.
Éric Zemmour, sua equipe e apoiadores, no comício em Villepinte, em 5 de dezembro de 2021. AFP - JULIEN DE ROSA

“O serviço de segurança quis proteger a equipe, que foi retirada e colocada em segurança”, antes de poder voltar para a sala, de acordo com o jornalista Benjamin Duhamel, que assistiu à cena. Segundo eles, os repórteres do jornal irreverente “Quotidien”, bastante crítico ao candidato de extrema-direita, entrevistavam jovens sobre o comício, quando alguns “reagiram mal” e deram “a impressão de que poderiam se tornar violentos”.

A equipe de comunicação de Zemmour, no entanto, criticou a atitude do serviço de segurança dizento que tinha “exagerado” e confirmou a “proteção dos jornalistas” que, segundo eles, “não foram agredidos” e puderam voltar ao recinto em seguida.

Durante o comício, onde Zemmour anunciou a criação de seu partido “Reconquista”, um dos oradores, Paul Marie Couteaux, pediu uma vaia para a imprensa que chamou de “técnicos de propaganda” política.

Outros incidentes violentos marcaram a primeira aparição pública de Zemmour como candidato. Um grupo de pessoas usando camisetas com os dizeres “não ao racismo” se infiltrou no parque de exposições e foi atacado pelo público. Grupos se enfrentaram no interior da sala enquanto o candidato ainda fazia seu discurso. Segundo informações divulgadas em redes sociais, várias pessoas teriam saído com ferimentos leves.

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