França: vítimas de assédio sexual de apresentador de TV criam o #MeTooMedia
Ele era o âncora do telejornal do canal privado de televisão francês TF1, antes de ser acusado de estupro, agressão e assédio sexual. Mulheres, incluindo vítimas de Patrick Poivre d'Arvor, estão lançando uma associação nas redes sociais para quebrar a “lei do silêncio” que impera na mídia francesa: a #MeTooMedia
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O caso surgiu em fevereiro, após uma denúncia por estupro da escritora francesa Florence Porcel. Sete outras queixas e 23 depoimentos foram dirigidos ao ex-apresentador do jornal TF1, apelidado na França de PPDA, suas iniciais.
No final de junho, após quatro meses de investigação, o juiz arquivou a investigação por "prescrição" ou "prova insuficiente" de denúncias contestadas por PPDA.
Mas o caso voltou ao primeiro plano na terça-feira (9), com a publicação no jornal Libération de depoimentos detalhados de oito mulheres, incluindo sete falando com o rosto descoberto (e apenas uma em anonimato), que decidiram responder à ex-estrela do telejornal dos anos 1990 e 2000, depois de uma entrevista polêmica com ele.
Nesse programa, veiculado em março, o jornalista de 73 anos, questionado sobre as acusações contra ele, havia mencionado “beijinhos no pescoço, às vezes pequenos elogios, às vezes um charme ou sedução”. “Este comportamento já não é aceito hoje pelas gerações mais novas. Se quer a minha opinião, lamento. Posso ter flertado, mas nunca fiz paquera pesada”, continuou.
Entre as cofundadoras da associação, que nascerá nos próximos dias, estão a ex-apresentadora de telejornal Hélène Devynck, Cécile Thimoreau, ex-jornalista da TF1 e Muriel Reus, ex-executiva da TF1.
Escuta, proteção e apoio jurídico
“Queremos dar escuta, proteção e apoio, principalmente jurídico se necessário”, explicou nesta quarta-feira (10) a colunista do canal RMC, Emmanuelle Dancourt, outra cofundadora associação.
“Queremos uma associação aberta a todos, não só às mulheres, e que cubra os meios de comunicação de uma forma ampla”, especifica.
A estrutura foi pensada, também, como “um guarda-chuva para que as vítimas não prescritas de Patrick Poivre d'Arvor ousem finalmente sair da moita”, acrescenta a jornalista, especificando que advogados também estão associados à iniciativa.
Segundo o Libération, a escritora Florence Porcel pretende entrar com uma nova queixa contra o apresentador por fatos não prescritos. Esta abordagem pode levar à abertura de uma investigação judicial, confiada a um juiz de instrução.
(Com informações da AFP)
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