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Agente francês envolvido no caso Epstein é indiciado por estupros de menor e assédio sexual

O agente de modelos francês Jean-Luc Brunel, denunciado por várias ex-top models de agressões sexuais, foi indiciado por "estupros de menor com idade acima de 15 anos e assédio sexual". Ele ficará em prisão preventiva até a conclusão das investigações, informou neste sábado (19) o procurador-geral de Paris, Rémy Heitz. Brunel alega inocência.

O francês Jean-Luc Brunel (à esquerda) e o empresário americano Jeffrey Epstein (à direita) se distanciaram depois do aparecimento das primeiras denúncias.
O francês Jean-Luc Brunel (à esquerda) e o empresário americano Jeffrey Epstein (à direita) se distanciaram depois do aparecimento das primeiras denúncias. © Captura de tela
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O Ministério Público francês também colocou Jean-Luc Brunel, 74 anos, sob o status de testemunha na investigação francesa que apura "tráfico de menores para fins de exploração sexual" envolvendo o milionário americano Jeffrey Epstein. Personalidade do jet set internacional e amigo de poderosos, Epstein foi indiciado em julho de 2019 nos Estados Unidos pela organização de uma rede que explorava meninas sexualmente entre 2002 e 2005. Ele se suicidou na prisão, em Nova York, cerca de um mês depois de ser detido. A nota do procurador de Paris informa que Brunel é suspeito de ter organizado o transporte e a hospedagem de adolescentes e jovens adultas para apresentá-las a Epstein.

O empresário francês, fundador das agências Karin Models e MC2 Model Management, foi detido na quarta-feira (15) no aeroporto internacional Charles de Gaulle, na região parisiense, quando tentava viajar para o Senegal. Até sua detenção, ele nunca havia sido interrogado pela Justiça.

Reações

“Esta acusação materializa as palavras das vítimas”, é o que elas “esperavam há mais de 30 anos”, reagiu Anne-Claire Lejeune, advogada de várias denunciantes.

Brunel permaneceu desaparecido dos radares da polícia durante vários anos, à exceção de uma vez em que foi fotografado em uma festa em Levallois-Perret, município da região parisiense, em julho de 2019. Ele é suspeito de ter atuado como um representante do milionário americano nos anos 1980. Sua função era de aliciar jovens manequins de origem modesta, prometendo uma carreira promissora, e de levá-las até Epstein.

O Ministério Público de Paris abriu várias investigações depois de ser alertado sobre a possível existência de vítimas francesas de Epstein. O americano tinha um apartamento na avenida Foch, reduto de milionários na capital francesa. Brunel teria usado esse apartamento para receber várias meninas. Com o impacto do escândalo nos Estados Unidos, ex-modelos decidiram romper o silêncio e denunciar diretamente Brunel de estupro.

“Esta é uma grande notícia. Eu choro de alegria”, reagiu na quinta-feira uma delas, a holandesa Thysia Huisman, ao saber da detenção de Brunel em Paris. “Onze mulheres testemunharam contra ele depois de mim, mas todos esses fatos estão prescritos. Espero que a polícia tenha outros arquivos com vítimas mais recentes”, disse a holandesa.

A Justiça francesa recebeu uma queixa contra Brunel em outubro de 2019 por "assédio sexual", um caso considerado não prescrito. Na época, a advogada de Brunel reagiu contestando as acusações, dizendo que estava "à disposição da Justiça".

"2x8 anos"

O nome de Brunel aparece desde meados dos anos 2000 em arquivos relacionados ao milionário americano. Em 2005, a polícia da Flórida encontrou uma mensagem gravada após um telefonema de "Jean-Luc": "Tenho uma professora para você, para ensiná-lo a falar russo. Ela tem 2x8 anos e não é loira".

Virginia Giuffre, uma das principais denunciantes no caso Epstein, também alegou ter sido forçada a manter relações sexuais com Brunel.

Em 2015, quando o francês e o americano já tinham se distanciado, Brunel anunciou que entraria com ações na França e nos Estados Unidos contra essas queixas. Mas nenhum desses procedimentos prosperou.

A investigação na França, realizada pelo Escritório Central de Repressão à Violência à Pessoa, resultou na convocação de testemunhas e centenas de audiências, mas muitos dos fatos relatados estão prescritos.

Com informações da AFP

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