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10% dos franceses teriam sido vítimas de abusos sexuais, segundo relatório inédito

Uma Comissão independente sobre os abusos sexuais cometidos por padres da Igreja Católica na França publicou, nesta terça-feira (5), dados inéditos sobre o tema no país. Segundo o documento, 10% dos franceses teriam sido vítimas de pedocriminalidade.

Destaque na imprensa francesa para um relatório de uma comissão independente sobre os abusos sexuais cometidos por padres da Igreja Católica publica na França.
Destaque na imprensa francesa para um relatório de uma comissão independente sobre os abusos sexuais cometidos por padres da Igreja Católica publica na França. © Fotomontagem RFI/Adriana de Freitas
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O relatório deve causar um terremoto, segundo o jornal Libération, além de constituir “uma etapa para que milhares de vítimas quebrem o silêncio dos avusos sofridos enquanto a Igreja continua a se recusar a assumir uma responsabilidade coletiva”.

Em seu editorial, Libération acusa a hierarquia católica de "covardia simbólica ao longo das últimas décadas, abafando todas as tentativas de mostrar a verdade", por medo de perder o prestígio e o poder. Para o jornal, a instituição "também se comportou de maneira criminosa", deixando que delitos condenados pela "Justiça dos homens" acontecessem, "atos que destruíram dezenas, centenas, ou talvez, milhares de vidas".

Trabalho inédito

O jornal La Croix destaca que além das revelações sobre a Igreja Católica, os detalhes dos resultados deste trabalho inédito contribuem para conhecer a realidade das violências sexuais cometidas contra menores na França. De acordo com o documento, 10% dos franceses teriam sofrido abusos durante a infância.

O jornal lembra que para atacar e ao mesmo tempo abafar escândalos, as instituições católicas tradicionalmente redigiram seus próprios relatórios, mas investigações independentes sobre pedofilia na Igreja se multiplicaram no mundo nos últimos tempos.

Nos Estados Unidos, um relatório do John Jay Criminal College, de Nova York, publicado em 2004, colocou 5.000 padres, 4% do clero americano, sob suspeita de terem abusado de mais de 10.000 menores, entre 1950 e 2002.

Na Irlanda, um relatório produzido por uma comissão nacional revelou que mais de 2.000 menores foram abusados em 216 estruturas administradas por ordens religiosas.

Mas a investigação independente mais ampla foi provavelmente a realizada na Austrália. Em 2017, o governo australiano recolheu testemunhos de 8.000 pessoas que tinham sofrido abusos durante a infância, entre 1950 e 2010. Entre as estruturas investigadas, 58% eram religiosas e entre elas, 61% católicas. Sete por cento dos padres católicos australianos foram acusados de abusos sexuais.

Em alguns casos, as investigações levaram a sanções, como no caso do relatório John Jay, que teve como consequência a condenação de 252 padres nos Estados Unidos. Na Austrália e no Canadá, sistemas de indenização das vítimas foram instituídos. Mas grande parte das recomendações produzidas por esse tipo de documento não é aplicada. 

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