Usuários de crack em Paris geram brigas políticas e exasperam moradores
O uso do crack, que ocorre principalmente em Paris, é abordado com frequência no noticiário francês. Mais uma vez, as autoridades locais tentam empurrar para a periferia os viciados que perambulam pelas ruas, irritando os moradores locais. O tema é a reportagem de capa do jornal Le Figaro desta sexta-feira (1°).
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“Drogados em transe, pedestres agredidos, vizinhos exasperados: no inferno do triângulo do crack”, é o título da reportagem do Figaro.
“Cenário novo, endereço novo, mas o mesmo caos, além de, ainda por cima, a insuportável sensação de desprezo compartilhada por toda uma população”, começa a matéria. “Somos considerados franceses de segunda classe e nos tratam como o lixo do país”, diz uma moradora de Pantin, no norte de Paris, perto de onde os consumidores de crack foram deslocados pela polícia.
Um muro, batizado de muro da vergonha” foi construído para impedir que os drogados transformassem Pantin em um novo ponto de drogas. A estrutura foi construída às pressas na semana passada.
De um lado para outro
Os drogados e seus pontos são sistematicamente deslocados de um lugar para outro no norte de Paris, enquanto os políticos tentam buscar uma solução. É uma guerra entre a cidade de Paris e a região que engloba a capital. A prefeita Anne Hidalgo solicitou várias vezes a ajuda do Estado.
Há políticos de extrema-direita que sugerem que os consumidores sejam colocados em centros fechados ou expulsos se forem estrangeiros.
Enquanto os políticos jogam a culpa um no outro, uma coisa é certa, diz Le Figaro. “A presença dos consumidores, principalmente de crack, deixa os moradores exaustos e cansados das repostas insuficientes dos políticos”.
A reportagem também fala sobre o forte potencial aditivo do crack. “Primeiro, o usuário sente euforia, poder e energia”, explica um psiquiatra. “Mas o efeito positivo vai perdendo a força muito rápido quando o uso se torna mais frequente por causa do mecanismo da tolerância. E paralelamente, os efeitos da abstinência são cada vez mais intensos”, acrescenta o especialista.
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