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"A crise ainda não ficou para trás", alerta Macron sobre Guadalupe e Martinica

Com menos de 30% da população vacinada, Guadalupe e Martinica enfrentam caos sanitário. A situação nos dois territórios ultramarinos franceses na América Central preocupa o governo. A propagação da variante Delta resulta na superlotação dos hospitais locais, enquanto a grande maioria da população recusa a vacinação.

Intubação de um paciente na unidade de Covid-19 do hospital de Pointe-à-Pitre, na ilha de Guadalupe, em 6 de agosto de 2021.
Intubação de um paciente na unidade de Covid-19 do hospital de Pointe-à-Pitre, na ilha de Guadalupe, em 6 de agosto de 2021. AFP - CEDRICK ISHAM CALVADOS
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“A crise de saúde não ficou para trás, muito claramente, viveremos mais muitos meses com o vírus”, alertou o presidente francês, Emmanuel Macron, nesta quarta-feira (11), alertando sobre a “dramática situação” em Guadalupe e na Martinica.

“O objetivo que vou traçar para é muito simples: é a vacinação de todos os franceses que podem ser vacinados”, declarou o chefe de Estado, abrindo um Conselho de Defesa da Saúde por videoconferência do Forte de Brégançon, no departamento de Var.

“Devemos manter pelo menos a meta de 50 milhões de vacinados até o final de agosto”, insistiu. “Estamos no caminho certo”, pois “37,8 milhões de franceses” já estão totalmente vacinados.

Esta é uma "situação dramática" nas Antilhas, onde "o aumento das contaminações resulta em uma explosão de formas graves" de Covid-19 e uma saturação de hospitais. A vacinação é três vezes mais baixa lá do que na França metropolitana, o que oferece "a demonstração cruel" de que "a vacinação é o meio mais eficaz" contra o vírus, defendeu Macron.

“Um cenário de emergência está agora diante de nós” em Ghadalupe e na Martinica, o que “implica a solidariedade incondicional da Nação”, insistiu.

Menor percentual de vacinação

Dados da agência nacional de saúde da França mostram que a quantidade de pessoas imunizadas nessas duas ilhas é a menor de todo o país. Na Martinica, pouco mais de 26% das pessoas receberam ao menos uma dose; em Guadalupe, quase 27%. Esse número é baixo se comparado ao resto da França, onde 67% das pessoas contam com ao menos uma injeção. 

O jornal Libération explica os motivos da desconfiança da população das duas ilhas em relação ao governo francês e às grandes mídias, aliada à grande disseminação de fake news entre os habitantes. Um dos motivos que leva os moradores de Guadalupe e Martinica a recusarem a vacinação é o escândalo sanitário do clodercone, um pesticida extremamente tóxico e cancerígeno, utilizado nas plantações de banana desde a década de 1970.

A substância foi proibida na França em 1990, mas teve autorização para continuar sendo utilizada nas Antilhas durante mais três anos, contaminando 90% das populações desses territórios. Libé explica que muitos habitantes das duas ilhas acreditam que a vacina anticovid também pode envenená-los.

De 400 para 4 mil casos por semana 

O jornal Le Figaro destaca que a Martinica obedece atualmente a um rígido lockdown e o mesmo deve ser anunciado em breve em Guadalupe, que foi submetida a um toque de recolher há duas semanas. Na Martinica, os hoteis fecharam e as autoridades pedem inclusive que os turistas deixem a ilha. Em apenas um mês, a ilha registrou um salto de 400 para mais de 4 mil casos de Covid-19 por semana. 

Junto às contaminações que continuam subindo vertiginosamente, os hospitais das duas ilhas estão superlotados. Em Guadalupe, na noite de segunda-feira (9), restavam apenas dois leitos livres nas UTIs - uma verdadeira catástrofe, dizem os médicos. Para piorar a situação, faltam profissionais de saúde na ilha, muitos contaminados pelo coronavírus. 

A situação levou o ministro francês da Saúde, Olivier Verán, a fazer um apelo por ajuda à comunidade médica da França. O jornal La Croix indica que nesta terça-feira (10), um avião transportando 240 voluntários, que se dividirão entre as duas ilhas, foi enviado às Antilhas. 

Em coletiva de imprensa hoje, o presidente francês, Emmanuel Macron, fez um apelo para que a população destas duas ilhas se imunizem o quanto antes. Ele também lembrou que a taxa de vacinação na França não é satisfatória e que o país está longe de vencer a crise sanitária

Consciência da realidade

O jornal Le Parisien avalia que, mesmo diante da gravidade da situação, a população local parece não ter consciência da realidade. Na madrugada de segunda-feira (9), confrontos com a polícia foram registrados em Guadalupe. Manifestantes ergueram barreiras e atearam fogo em lixeiras. O motivo: a revolta com o toque de recolher e o provável lockdown que será anunciado na ilha. Mas, como aponta um gerente de hotel à reportagem do diário, "ao mesmo tempo, essas pessoas se recusam a se vacinar". 

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