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Pela primeira vez em dois séculos de história, Museu do Louvre será dirigido por uma mulher

A curadora e historiadora da arte Laurence des Cars, 54 anos, foi escolhida pelo presidente francês, Emmanuel Macron, para ser a primeira mulher a dirigir o Museu do Louvre, em Paris. Especialista em arte do século 19 e início do século 20, ela é a atual presidente do Museu de Orsay. A imprensa francesa analisa esta nomeação com entusiasmo nesta quarta-feira (26), já que Laurence des Cars tem um currículo excepcional e um projeto ambicioso para o Louvre, o museu mais visitado no mundo.

Até agora diretora do Museu de Orsay, Laurence des Cars foi nomeada para dirigir o Louvre.
Até agora diretora do Museu de Orsay, Laurence des Cars foi nomeada para dirigir o Louvre. AFP - ALAIN JOCARD
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Filha do jornalista e escritor Jean des Cars, neta do romancista Guy des Cars, a nova dirigente do Louvre revelou seu dinamismo na condução do Museu de Orsay, principalmente com o projeto “Orsay Aberto”, que expandiu a programação da instituição e os espaços reservados a exposições. "Ela enfatizou a diversidade, as questões sociais, a importância de atrair novas gerações", sublinha o jornal Le Figaro

Em 2019, a exposição “O corpo negro, de Géricault a Matisse”, com modelos negros que inspiraram os grandes pintores clássicos e como eles eram representados pelos artistas, teve enorme impacto positivo de crítica e público. 

Agora, Laurence des Cars será a primeira mulher à frente do Louvre, o maior museu do mundo, fundado há 228 anos, em 1793. O atual diretor, Jean-Luc Martinez, 57 anos, concorria a um terceiro mandato, mas Macron foi certamente influenciado pelo projeto da especialista em patrimônio, que visa uma abertura do Louvre ao mundo contemporâneo. 

Em entrevista à rádio France Inter, Laurence des Cars, que assume o cargo em 1° de setembro, detalhou sua visão. "O Louvre tem uma vocação universal e o que me interessa é este potencial. Ele pode ser um museu plenamente contemporâneo, pode se abrir ao mundo como ele é hoje, dando uma pertinência ao presente pelo peso do passado", explicou.

Segundo a nova diretora, "estamos saindo de uma crise extremamente complicada e desestabilizante, na qual todos buscam referências, e a arte pode ajudar as pessoas a encontrar a si mesmas pela interação com obras de arte". 

Trajetória de sucessos

Depois de estudar história da arte na Universidade Sorbonne e na Escola do Louvre, Laurence des Cars ingressou na Escola Nacional do Patrimônio e assumiu seu primeiro cargo como curadora no Museu de Orsay em 1994, onde permaneceu até 2007. Deixou o cargo para ser a diretora científica da agência France-Museus, organismo responsável pelo desenvolvimento do Louvre Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Em seguida, em 2011, foi promovida ao corpo de curadores do patrimônio nacional.

A carreira de Laurence des Cars ganhou um novo rumo quando ela foi nomeada, em 2014, diretora do Museu da Orangerie e, em 2017, do Museu de Orsay. Sob seu mandato, o número de visitantes do Orsay, um dos maiores museus da Europa no período de 1848 a 1914, continuou a crescer: 3,7 milhões de visitantes em 2019, com um nível de autofinanciamento de 64%.

Mais de 10 milhões de visitantes em 2019

Durante a gestão de Jean-Luc Martinez, que dirigia o Louvre desde 2013, este historiador e arqueólogo especializado em antiguidades gregas buscou abrir o Louvre para todos os públicos, lutando contra o elitismo. Ele reorganizou e reformou o museu para torná-lo mais acolhedor. Os resultados foram notáveis: o número de visitantes passou para 10 milhões em 2019, antes da pandemia do coronavírus, sendo 71% deste público composto de estrangeiros. Foi um recorde mundial. 

Martinez também teve como bandeira a inauguração do Museu do Louvre em Abu Dhabi e do centro ultramoderno de conservação de obras em Lievin, próximo ao Louvre da cidade de Lens, no norte da França. A convite de Macron, ele continuará atuando como o primeiro embaixador para cooperação internacional no âmbito do patrimônio e será o responsável pela política de restituições e da luta contra o tráfico de obras de arte.

O Louvre reabriu em 19 de maio deste ano, após passar meses fechado pela pandemia da Covid-19. Aumentar a frequência de visitas, num contexto de forte retração do turismo internacional, está entre as prioridades de Laurence des Cars. No ano passado, o número de pessoas que visitaram o Louvre recuou 72%.

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