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Apesar dos riscos, Macron anuncia reabertura de museus, cinemas e restaurantes em maio

A França vai abrir as áreas externas de restaurantes e cafés, o comércio e espaços culturais, incluindo museus e cinemas, a partir de 19 de maio, anunciou o presidente Emmanuel Macron. Em uma entrevista concedida nesta quinta-feira (29) à imprensa regional para falar sobre a suspensão progressiva das restrições em vigor pela pandemia de Covid-19, o líder francês anunciou um plano em quatro etapas. 

O presidente francês, Emmanuel Macron, apresentou um plano de retorno às atividades em quatro etapas, até 30 de junho.
O presidente francês, Emmanuel Macron, apresentou um plano de retorno às atividades em quatro etapas, até 30 de junho. CHRISTIAN HARTMANN POOL/AFP/File
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A primeira delas já ocorreu, com a reabertura de creches e escolas do ensino básico em 26 de abril. No dia 3 de maio, serão suspensas as restrições de deslocamento, que impedem os franceses de circular a mais de 10 quilômetros de sua residência, exceto por motivo imperioso. Não haverá mais necessidade de preencher formulários com justificativas para saídas. Os franceses poderão viajar livremente pelo país. No mesmo dia, os estudantes do ensino médio voltarão às aulas, uma semana depois que os alunos do ensino básico. 

O toque de recolher, em vigor atualmente em toda a França a partir das 19h, passará para as 21h a partir de 19 de maio e 23h a partir de 9 de junho, com a suspensão definitiva em 30 de junho. 

A etapa mais esperada, sem dúvida, é a de 19 de maio, quando museus, monumentos, cinemas, teatros e salas de espetáculos, fechados desde setembro ou outubro do ano passado, dependendo da região, poderão receber de novo o público sentado. 

Se as condições sanitárias permitirem, depois de 30 de junho as salas de eventos fechadas poderão acolher até 800 pessoas, ou 1.000 frequentadores em áreas externas. Grandes estádios esportivos também abrirão nesta data. Nesses locais de grande aglomeração será necessário, no entanto, apresentar um passe sanitário que pode ser um certificado de vacinação ou um teste negativo de Covid-19.    

Macron disse que poderá acionar "freios de emergência" nos territórios onde a circulação do vírus estiver muito elevada, superior a 400 infecções por 100 mil habitantes. 

Quarta onda em julho? 

Os anúncios do presidente foram bem recebidos pelos setores mais afetados pela pandemia, como hotelaria, restaurantes e espaços culturais. Porém, epidemiologistas temem uma quarta onda da pandemia em pouco tempo.

A epidemiologista Catherine Hill, uma das mais respeitadas do país, disse temer "o pior" após o anúncio do presidente. “O que estamos fazendo não é razoável”, afirmou. “O governo parece não dar a mínima importância para os indicadores, as mortes e o esgotamento do pessoal hospitalar”, esbravejou. Ela lembra que, diariamente, mais de 400 pacientes ainda dão entrada nas UTIs, e o país registra mais de 300 mortes pela Covid-19 . Os 6 mil leitos de reanimação estão ocupados por pacientes com a infecção viral. "É realmente uma ideia catastrófica", insistiu Hill em entrevista à rádio France Info. 

Já o professor de epidemiologia e evolução de doenças infecciosas na Universidade de Montpellier Mircea Sofonea, que realiza estudos matemáticos de modelagem da epidemia, estima que "o nível de circulação do vírus é muito alto, mas será muito difícil exigir mais esforços dos franceses". 

Após quatro semanas de lockdown, a incidência de casos de Covid-19 em sete dias recuou para 300 por 100 mil habitantes. Porém, muitos hospitais continuam lotados. Há mais de 30 mil pacientes internados com a infecção viral. Pacientes com doenças crônicas estão privados de tratamento adequado. Outros que necessitam de cirurgias, mas não urgentes, não conseguem ser operados. 

Segundo o professor de Montpellier, atualmente a epidemia está sob controle, mas uma quarta onda, ainda em julho, não está descartada. "É difícil estimar se esta será uma onda real ou apenas uma estagnação em algumas áreas", explica. A vacinação avança no país, mas a proporção de um quarto dos adultos imunizados não é suficiente para interromper a epidemia, advertiu o pesquisador no portal de notícias FranceInfo.

Por outro lado, em sua entrevista, Macron destacou: "Devemos voltar à nossa arte de viver à francesa". Ao mesmo tempo, ele pediu aos cidadãos que permaneçam "prudentes e responsáveis".

A França registrou 103.947 mortes pelo coronavírus desde o início da pandemia. Pela primeira vez, as autoridades da saúde diagnosticaram a presença da variante indiana do coronavírus no território francês, na região centro-oeste. O portador é uma pessoa que esteve recentemente na Índia. 

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