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Tema favorito da extrema direita, segurança volta ao radar de Macron, a um ano da eleição

O Conselho dos Ministros da França anunciou nesta quarta-feira (28) um novo projeto de lei antiterrorismo. A reforma, que vinha sendo preparada há meses, foi apresentada cinco dias após um atentado que matou uma agente da polícia francesa. O anúncio também coincide com o início da contagem regressiva para a eleição presidencial, que acontece em abril de 2022 e cujo o tema da segurança, assunto favorito da extrema direita, deve dominar os debates.

Emmanuel Macron durante visita a uma central policial em Montpellier, em abril de 2021
Emmanuel Macron durante visita a uma central policial em Montpellier, em abril de 2021 Guillaume HORCAJUELO POOL/AFP
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Com informações de Valérie Gas, do serviço de Política da RFI

Logo após o Conselho dos Ministros, o premiê francês Jean Castex apresentou os detalhes sobre o projeto de lei. Segundo o chefe do governo, o principal objetivo é se adaptar às novas ameaças, cada vez mais difíceis de serem detectadas por causa das novas tecnologias.

Em outras palavras, o governo vai incluir o monitoramento de redes sociais em sua estratégia de prevenção contra ataques terroristas. “O Estado e a Justiça devem se munir de meios reforçados, inclusive de vigilância das redes sociais”, declarou Castex.

“Os terroristas mudaram suas formas de comunicação e nós continuamos cegos, vigiando linhas telefônicas que ninguém mais usa”, completou o ministro do Interior, Gérald Darmanin, lembrando que dos 35 projetos de atentados desmantelados desde 2017, dois deles foram impedidos graças a pistas que só puderam ser detectadas por causa dos algoritmos.

“É preciso acompanhar as novas tecnologias, que são cada vez mais usadas pelos terroristas”, disse ainda Darmanin. Ele lembrou que o assassino do professor Samuel Paty, decapitado em outubro de 2020, e o autor do ataque na Basílica de Nice, que matou três pessoas, entre elas a brasileira Simone Barreto Silva, se comunicavam apenas por meio de programas de mensagens criptografadas.

Sites jihadistas e vídeos de decapitação vigiados

Entre as medidas previstas estão, por exemplo, a possibilidade de acionar um alerta quando um indivíduo consulta, em um mesmo dia, vários sites jihadistas ou quando assiste vídeos de decapitação realizados pelo grupo Estado Islâmico.

No entanto, o governo garante não se tratar de uma vigilância generalizada da população e que a privacidade será protegida. O acompanhamento será feito de forma anônima e, apenas em caso de suspeita, a identidade do usuário será revelada para que os serviços de inteligência prossigam as investigações habituais.

O projeto de lei visa mostrar a determinação do governo contra a ameaça terrorista, que voltou à agenda política na França. Os anúncios acontecem logo após um ataque fatal na sexta-feira (24) contra uma agente administrativa na delegacia de Rambouillet, perto de Paris.

Macron contra Le Pen

Mas faltando menos de um ano para a eleição presidencial francesa, que acontece em abril de 2022, essas declarações também apontam para uma vontade do presidente Emmanuel Macron em mostrar ação em relação a temas ligados à segurança. Principalmente porque esse assunto é base dos discursos da direita e da extrema direita, e as pesquisas de opinião apontam para mais um segundo turno disputado entre Macron e Marine Le Pen, como em 2017.

O chefe de Estado não quer ser acusado de negligência diante dessa questão que pode pesar em caso de uma disputa com a líder da extrema direita.

Desde a morte do professor Samuel Paty, Macron tem pautado, entre suas prioridades, ações de segurança e luta contra o radicalismo islâmico, e também contra pequenos delitos e tráfico de drogas.

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