Imprensa francesa duvida que Macron cumprirá promessa de vacinar toda a França até setembro
Os principais jornais franceses desta quinta-feira (4) analisam a meta anunciada pelo presidente Emmanuel Macron de vacinar todos os franceses que desejarem contra a Covid-19 até meados do segundo semestre de 2021. A maioria dos diários é reticente em relação à promessa.
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"Como vacinar todos os franceses?", questiona o jornal La Croix em sua manchete de capa. Em editorial, o diário afirma que cada etapa da luta contra epidemia na França foi "catastrófica" na comparação com outros países europeus. Fracasso nos testes em 2020, na produção de vacinas e na campanha de imunização, afirma. Por isso, o editorialista avalia que, ao invés de se martirizar e lamentar o tempo perdido, é preciso encontrar soluções.
O jornal Le Parisien destaca os riscos que Macron enfrenta ao investir em uma comunicação centralizada e "de última hora". O diário descreve a correria de Macron para realizar seu anúncio sobre o qual, segundo a matéria, nem mesmo os membros de seu governo estavam a par.
"Não seria papel do ministro da Saúde entrar nesse nível de detalhes?", questiona o jornal. Segundo uma fonte do governo ouvida por Le Parisien, o presidente teme que a série de erros cometida pela França no gerenciamento da epidemia seja a principal marca de seu mandato.
O jornal Libération faz duras críticas à situação da Covid-19 na França. Em editorial, o diário avalia que, desde o início da crise sanitária, em março de 2020, o governo francês perdeu tempo. O texto lembra que o Reino Unido encomendou os primeiros lotes de vacina junto à AstraZeneca em abril do ano passado. Enquanto isso, os imunizantes elaborados em território francês ou foram abandonados – a exemplo do cancelamento do projeto de vacina do Instituto Pasteur –, ou tiveram um imenso atraso, que Libé classifica como um "fiasco" da empresa francesa Sanofi.
Pressão e ambição
"Macron aumenta a pressão e determina um calendário ambicioso" é a manchete do jornal Le Figaro. O diário explica que depois de uma reunião com representantes de grandes laboratórios europeus e franceses, na terça-feira (2), o presidente prometeu que todos os cidadãos que desejarem estarão imunizados até o final do verão no Hemisfério Norte.
O jornal elogia a atitude do chefe de Estado e afirma que "diante de uma emergência, é preciso agir, reagir e comunicar", como fez Macron. Por isso, o presidente anunciou há dois dias a necessidade de "colocar pressão" e pedir um "aumento significativo da produção de doses da vacina", diz a matéria.
Para Le Figaro, Macron considerou que precisava protagonizar uma demonstração de transparência aos cidadãos, para "determinar um calendário tão claro quanto ambicioso para a saída da crise sanitária".
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