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Com menos medo da Covid, 60% dos franceses burlaram as regras do lockdown

Os franceses desrespeitaram pelo menos uma vez as regras instauradas pelo governo para conter a pandemia, o que representa 27 pontos a mais em relação às seis primeiras semanas do lockdown de março e abril, na primeira onda. Este é o resultado de uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (12) pelo Instituto francês Ifop. 

População se acostumou ao vírus e teme menos a contaminação, mostra pesquisa
População se acostumou ao vírus e teme menos a contaminação, mostra pesquisa AFP/File
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Desde o fim de outubro, quando entrou em vigor o novo bloqueio do país, os franceses só podem sair de casa pelas seguintes razões: trabalhar, levar ou trazer os filhos na escola, praticar uma atividade física durante uma hora em um raio de um quilômetro em torno da residência, ir ao médico, fazer compras, atender a uma convocação judicial ou prestar assistência a uma pessoa vulnerável. É necessário preencher um documento oficial para justificar a presença nas ruas, por um desses motivos.

A pesquisa, com 2030 participantes, mostrou que 60% dos entrevistados desrespeitaram pelo menos uma vez as regras. A sondagem indicou que 24% das pessoas utilizaram um dos documentos para fazer outra coisa, cerca de 17% passearam mais de uma hora, 23% receberam ou visitaram familiares e 20% se encontraram com amigos.

O estudo também mostrou que 9% dos entrevistados desrepeitaram o lockdown para se encontrar com um parceiro, fixo ou potencial. Para o pesquisador de economia comportamental Fabio Galeotti, do instituto francês CNRS, a situação hoje é diferente: na primeira onda, os franceses foram pegos de surpresa. "Não sabíamos o que era exatamente esse vírus, não conhecíamos os riscos, não tínhamos a experiência do vírus. Então, tínhamos mais medo", explica.

População tem menos medo do vírus

O lockdown teve início em 30 outubro para lutar contra a segunda onda da Covid-19, que lota os hospitais do país. Segundo os últimos dados do Ministério da Saúde, publicados nesta quarta-feira (11), o número de hospitalizações se aproxima do pico de março e abril, com 31.946 internações. Mais de 4.800 pessoas desenvolveram formas graves da doença e recebem tratamento nas unidades de terapias intensiva francesas. Em algumas regiões, os estabelecimentos começam a chegar perto do limite da capacidade.

Para o diretor do instituto Ifop, François Kraus, o temor em relação à própria saúde é menor, principalmente pelos mais jovens. "Esse sentimento de invulnerabilidade, principalmente entre os que vivem sozinhos, faz com que eles aproveitem as regras menos rígidas para manter um certo nível de sociabilidade", declara.

O pessimismo também é grande, mostra a pesquisa. Cerca de 28% dizem estar deprimidos, contra 20% em março e abril. O outono europeu é, de costume, mais propício a esse desânimo, provocado pelos dias curtos e chuvosos.

Outro dado impressionante é que 38% dos participantes declararam ter problemas de sono – 44% no caso das mulheres. No total, 52% dos entrevistados dizem se sentir tristes desde o início do lockdown. A hipótese das festas de Natal serem proibidas, se a epidemia não for controlada, contribuem para esse sentimento.

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