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Conheça a Catedral de Soissons, a irmã mais nova da Notre-Dame de Paris

As Jornadas Europeias do Patrimônio, que acontecem neste sábado (18) e domingo (19), são uma oportunidade para descobrir monumentos históricos pouco conhecidos do grande público. A Catedral de Soissons, chamada pelos especialistas de “a irmã mais nova da Notre-Dame de Paris”, é um deles.

Catedral medieval de Saint-Gervais-Saint-Protais, de
Soissons.
Catedral medieval de Saint-Gervais-Saint-Protais, de Soissons. © Adriana Brandão/RFI
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Catedral medieval de Saint-Gervais-Saint-Protais é uma das joias do patrimônio histórico francês de estilo gótico. Uma de suas características é sua torre única na fachada principal. Ela está localizada em Soissons, a 91 km ao norte de Paris. Sua construção começou em 1176, pouco mais de 10 anos após a Notre-Dame, e demorou mais de dois séculos para ficar pronta.

“A gente considera Soissons como a irmã mais nova da Catedral de Paris. Ela é um pouco menor, mas faz parte das grandes catedrais do norte da França de estilo gótico, onde esse estilo nasceu”, indica a arquiteta franco-brasileira Camille Bretas, do escritório de Olivier Weets (arquiteto-chefe dos Monumentos Históricos) e diretora de projetos da Catedral de Soissons.

Restauração excepcional

Como a Notre-Dame, a Catedral de Soissons também está sendo restaurada. Ela foi atingida por uma tempestade em janeiro de 2017 que destruiu a rosácea principal da fachada de mais de 700 anos. As pedras e os vitrais caíram em cima do órgão, que também foi danificado.

Durante dois anos, arquitetos, historiadores e especialistas em esculturas e vitrais fizeram um estudo para entender o acidente e elaborar a proposta mais adequada de restauração. O projeto, pilotado pelo escritório Olivier Weets, envolve sete empresas especializadas e é 100% financiado pelo Estado. O custo é de € 2,6 milhões.

A pandemia atrasou o início das obras em 6 meses. Somente em setembro, o impressionante andaime de 8 andares acabou de ser instalado. A restauração da estrutura de pedra da rosácea de 8,73m de diâmetro e de outros elementos da fachada, como as gárgulas, puderam finalmente começar em 14 de setembro. A RFI pôde, juntamente com outros jornalistas, visitar o canteiro de obras, considerado excepcional. “Não é todo o dia que se restaura uma rosácea dessas proporções”, diz Camille Bretas.

O objetivo é manter o máximo de pedras do contorno da rosácea que ainda estão na fachada. Mas toda a estrutura que caiu terá que ser reconstruída e voltará a ser redonda. “O principal desafio é reconstruir uma rosácea que seja perfeitamente estável do ponto de vista estrutural. O grande problema é que ela havia sido deformada e por causa disso apresentava uma certa fragilidade. O desafio vai ser reconstruir e adaptar os vitrais, que não vão ser modificados, à nova rosácea”, aponta a arquiteta.

Por incrível que apareça, a grande maioria dos 174 vitrais não quebrou, ou quebrou pouco durante a queda, e está sendo recuperada pelos quatro ateliês de vitrais envolvidos na restauração. Apenas 20% terão que ser refeitos para completar o desenho. Depois, os painéis, que receberão uma dupla proteção, serão colocados na estrutura de pedra.

Capela da Ressurreição

A reconstrução da rosácea não é a única obra em andamento na Catedral de Soissons. A Capela da Ressureição, que é a parte mais antiga do edifíco, também está sendo restaurada. Além da limpeza da fachada, o telhado, que foi a estrutura que pegou fogo na Notre-Dame de Paris, está sendo recuperado. Por isso, a obra exige uma segurança redobrada, segundo a arquiteta.

“A estrutura de madeira que compõe o telhado, com telhas coloridas esmaltadas, é uma parte bem frágil do edifício. Ela exige um protocolo de restauração com bastante segurança também por seu valor inestimável. A gente avalia que há alguns pedaços de madeira que tenham sido reutilizados de outros edifícios. Isso explica que a gente tenha madeira do século 11, enquanto essa parte da Catedral é essencialmente do século 13.”

O trágico incêndio que destruiu parcialmente a Notre-Dame de Paris não serviu apenas para aumentar a segurança nas obras em outros monumentos históricos franceses. “Ele também colocou todas as outras catedrais em evidência. A gente conseguiu obter mais crédito para fazer mais obras e restaurar essa catedral que também é muito importante para a história da arquitetura”, afirma Camille Bretas.

A previsão é que a obra de restauração da Capela da Ressurreição, avaliada em € 790 mil, termine em dezembro de 2020. A nova rosácea da Catedral de Soissons só ficará pronta no final de 2021, mas antes disso, o público poderá visitar o canteiro de obras, participar de ateliês para crianças e conferências com restauradores durante as Jornadas do Patrimônio, que acontecem neste final de semana.

 

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