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Pacientes autoimunes tratados com cloroquina não estão protegidos da Covid-19, diz estudo francês

Pessoas que sofrem de doenças autoimunes e que realizam um tratamento com a cloroquina ou com a hidroxicloroquina não foram protegidas do coronavírus durante a pandemia. A afirmação é feita em um estudo publicado nesta terça-feira (7) por pesquisadores franceses.

Novo estudo realizado na França aponta que a utilização de remédios antimaláricos sintéticos - como é o caso da cloroquina e da hidroxicloroquina - "não tem um papel preventivo quanto ao risco de hospitalização, intubação ou morte relacionada à Covid-19". 
Novo estudo realizado na França aponta que a utilização de remédios antimaláricos sintéticos - como é o caso da cloroquina e da hidroxicloroquina - "não tem um papel preventivo quanto ao risco de hospitalização, intubação ou morte relacionada à Covid-19".  AFP/File
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Realizado pela Epi-phare, estrutura que reúne a Agência do Medicamento e o sistema público de saúde da França, o estudo analisou quase 55 mil pacientes que receberam a prescrição de pelo menos seis tratamentos de hidroxicloroquina ou cloroquina entre 1° de janeiro de 2019 e 15 de fevereiro de 2020. Foram analisados dossiês médicos de hospitais, levando em consideração as datas de internação, diagnósticos e medicamentos utilizados.

Segundo os especialistas, a utilização de remédios antimaláricos sintéticos - como é o caso da cloroquina e da hidroxicloroquina - "não tem um papel preventivo quanto ao risco de hospitalização, intubação ou morte relacionada à Covid-19". 

Maior risco de hospitalização 

Os resultados averiguados pelos cientistas da Epi-phare indicaram também um "risco maior de hospitalização, intubação e morte devido à Covid-19 entre os pacientes tratados com remédios antimaláricos sintéticos a longo prazo, na comparação com o restante da população francesa". No entanto, as análises sugerem que o fenômeno pode estar relacionado às "características associadas à patologia crônica subjacente", sobretudo ao tratamento associado com corticoides orais, mais do que à exposição aos antimaláricos.

Os pesquisadores também alertam que este trabalho de observação "não permite concluir formalmente a ausência de benefícios" da cloroquina e da hidroxicloroquina na prevenção de uma forma grave da Covid-19. Por outro lado, os resultados não levam a recomendar o "uso preventivo" do medicamento entre a população para o tratamento do coronavírus. 

Remédio virou arma política

A hidroxicloroquina, derivado do antimalárico cloroquina, é receitada em particular para tratar doenças autoimunes como o lúpus e a artrite reumatoide. Durante a pandemia, alguns países começaram a utilizar o medicamento para o tratamento de pacientes contaminados pelo coronavírus. Entre os maiores defensores da substância, estão o presidente americano, Donald Trump, e o brasileiro, Jair Bolsonaro. 

No entanto, nos últimos meses, vários estudos apontaram que as substâncias não são eficazes contra a Covid-19. Vários testes com a cloroquina e a hidroxicloroquina foram interrompidos no final de maio, após recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Na França, o tratamento foi utilizado a título experimental no hospital de Marselha, sul do país, sob coordenação do infectologista Didier Raoult, com fortes críticas da comunidade científica. A autorização derrogatória da prescrição da cloroquina e da hidroxicloroquina em pacientes franceses contaminados pelo coronavírus foi retirada em 4 de maio. 

No Brasil, no final de maio, Bolsonaro estendeu a autorização para médicos utilizarem o tratamento em contaminados com sintomas leves da doença. Entretanto, o paciente deve assinar um termo de consentimento em que confirma que está consciente de que não há provas de que o medicamento será eficaz e que ele pode resultar em diversos e graves efeitos colaterais, como problemas cardíacos, disfunção do fígado e problemas de visão.

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