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Ciência não sabe explicar por que coronavírus mata mais homens do que mulheres

A cada dia que passa os especialistas conseguem descobrir novas características do coronavírus, informações essenciais na busca pelo tratamento e pela cura da doença. "A pesquisa sobre a Covid-19 evolui a uma rapidez incrível", festejou nesse domingo (19) a infectologista francesa Laurence Ader. Mas há ainda evidências inexplicáveis. Os pesquisadores não sabem, por exemplo, por que o coronavírus mata mais homens do que mulheres, como revelam as estatísticas na França e em outros países do mundo.

Os homens são mais vulneráveis ao novo coronavírus indicam estatísticas em vários países afetados pela pandemia.
Os homens são mais vulneráveis ao novo coronavírus indicam estatísticas em vários países afetados pela pandemia. © Pixabay
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Laurence Ader, infectologista do Hospital Croix-Rousse de Lyon, foi convidada pelo primeiro-ministro Édouard Philippe a participar da entrevista coletiva, realizada nesse domingo, sobre a situação atual da epidemia e os planos do governo para o fim do confinamento no país. Ela ressaltou que os cientistas avançaram muito no conhecimento sobre o novo coronavírus. Em quatro meses, descobriram o genoma do vírus, como este infecta as células, seus principais sintomas e as respostas que provoca no sistema imunitário.

Mas há questões ainda em aberto, como a possibilidade de reinfecção, o impacto do coronavírus nas crianças, os fatores que determinam o desenvolvimento de casos graves e a disparidade entre homens e mulheres.

Sobre este último ponto, os dados são claros. Além de idosos, pessoas frágeis, com doenças pregressas e obesos, os homens também são os mais vulneráveis diante do novo coronavírus. Eles representam o maior número de contaminados, de casos graves da doença e de mortos. Na França, 59,1% dos pacientes, 74% dos internados em UTIs e 61,1% dos mortos são do sexo masculino. Em outros países essa porcentagem pode ser ainda maior. Na China, berço da pandemia, 75% dos mortos são homens e na Itália 80%.

Menor resistência imunitária

Diversas hipóteses ainda em estudo são levantadas para explicar essa menor resistência dos infectados do sexo masculino. A primeira delas é o modo de vida. Os homens fumam mais e representam uma taxa maior de diabetes do tipo 2, dois fatores que facilitam a contaminação pela Covid-19, aponta uma pesquisa publicada na revista Sciences et Avenir.

A segunda hipótese se baseia em fatores biológicos. As mulheres teriam um melhor sistema imunitário graças aos hormônios femininos que fabricam, mas também a aspectos genéticos ligados ao cromossoma sexual, que elas têm em dose dupla.

Em outras epidemias recentes provocadas por coronavírus (o SRAS, na China, em 2003, e o MERS, no Oriente Médio, em 2012), essa disparidade entre homens e mulheres já havia sido detectada. Em 2017, um estudo americano realizado em ratos de laboratório concluiu que a presença de estrógeno (hormônio feminino) contribuía para reforçar o sistema imunológico.

Geralmente, a desigualdade entre os sexos nas infecções virais é real. Na gripe comum, as mulheres desenvolvem a mesma imunidade que os homens tomando uma dose de vacina menor. No entanto, lembra Laurence Ader, o novo coronavírus é muito recente, e é necessário aguardar um volume maior de dados epidemiológicos de países atingidos pela doença para comprovar essa teoria científica.

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