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França cria comissão científica dirigida por Nobel de medicina para monitorar Covid-19

A França entra nesta terça-feira (24) em sua segunda semana de confinamento para frear a epidemia de coronavírus. O governo criou uma nova comissão científica para assessorá-lo nas decisões relativas ao tratamento dos doentes e restringiu ainda mais as medidas de circulação da população.

A virologista francesa Françoise Barré-Sinoussi, prêmio Nobel de medicina em 2008.
A virologista francesa Françoise Barré-Sinoussi, prêmio Nobel de medicina em 2008. @RFI
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O presidente Emmanuel Macron reunirá às 17h (13h em Brasília), no Palácio do Eliseu, o novo Comitê de Análise, Pesquisa e Expertise (Care) científica. Esta nova instância reúne 12 médicos e pesquisadores que irão orientar o governo quanto aos tratamentos e ensaios clínicos para combater o novo coronavírus. A comissão será presidida por Françoise Barré-Sinoussi, prêmio Nobel de Medicina em 2008. O grupo irá acompanhar todos os estudos terapêuticos sobre a Covid-19 autorizados atualmente na França e no exterior.

Barré-Sinoussi é virologista do Instituto Pasteur e também do Instituto Nacional da Saúde e Pesquisa Médica da França (Inserm). Ela conquistou o Nobel por seus trabalhos que ajudaram na descoberta do vírus da Aids. Um segundo Conselho Científico, composto de dez especialistas em gestão de crise sanitária, já assessora o presidente Macron.

O Care também vai dar seu parecer sobre o uso das novas tecnologias no rastreamento das pessoas diagnosticadas com a Covid-19 e os contatos que elas mantiveram, a fim de isolar mais rapidamente os doentes. Esses recursos têm sido amplamente utilizados em países asiáticos, Israel e Rússia, entre outros, mas levantam questionamentos sobre as liberdades individuais em solo francês.

Nas últimas 24 horas, a França registrou 186 mortes por coronavírus. No total, desde a chegada da doença ao país, em janeiro deste ano, 860 pessoas morreram, entre elas, cinco médicos.

Tratamento com cloroquina gera controvérsia

O uso da cloroquina, remédio contra a malária que está sendo utilizado pelo Hospital Universitário de Marselha no combate ao coronavírus, continua gerando controvérsia entre infectologistas franceses.

O especialista em doenças infecciosas Didier Raoult afirma ter utilizado a substância com sucesso em 24 pacientes. Segundo ele, três quartos dos doentes foram curados com um coquetel de cloroquina associada ao antibiótico azitromicina, de eficácia comprovada contra pneumonias, após seis dias de tratamento.

Na noite de segunda-feira (23), o ministro francês da Saúde, Olivier Véran, declarou em coletiva de imprensa que o tratamento que vem sendo administrado pelo professor Didier Raoult em Marselha poderá ser utilizado em outros estabelecimentos hospitalares em breve, mas sob algumas condições: apenas em pacientes internados que apresentem um quadro severo da pneumonia e após parecer de uma comissão médica, que deverá avaliar os riscos e benefícios dessa terapia em função do histórico do infectado. A venda da cloroquina em farmácias está excluída e também em pacientes que foram contaminados pela Covid-19, mas passam bem.

Suspensão das feiras livres

As autoridades francesas vão punir com mais rigor os franceses que insistem em sair às ruas como se estivessem de férias. Diante do desrespeito de uma parcela da população às regras de confinamento, o primeiro-ministro, Édouard Philippe, anunciou na noite de segunda-feira (23) duas novas medidas restritivas: a suspensão das feiras livres em todo o país, salvo em vilarejos sem supermercados, e o enquadramento das saídas para corridas ou caminhadas.

A partir de hoje, cada cidadão só poderá fazer exercícios físicos fora de casa uma vez ao dia, sempre desacompanhado, num raio de 1 quilômetro da residência e no máximo por uma hora. De acordo com a reincidência da infração, a multa poderá chegar a € 1.500.

Casos aumentam entre funcionários da saúde

Há grande preocupação com a propagação da epidemia entre o pessoal da saúde. Pelo menos 490 funcionários da rede de 39 hospitais públicos da região parisiense contraíram a Covid-19. Em todo o país, o Ministério da Saúde já constitui uma lista de médicos e enfermeiros reservistas para dar suporte ao sistema hospitalar.   

Vinte idosos de uma casa de repouso de Cornimont (nordeste) morreram provavelmente após serem contaminados pela Covid-19, segundo autoridades regionais. A França tem cerca de 20 mil casos confirmados da doença e 2.082 pacientes hospitalizados em reanimação, segundo o último boletim oficial.

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