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França/Protesto

Reforma da Previdência: manifestantes lançam frutas, legumes e garrafas contra policiais em Paris

A 500 metros do ponto de chegada da quarta manifestação nacional contra o projeto de reforma da Previdência francesa, manifestantes e policiais entraram em confronto nas proximidades da estação de trens e metrô Saint-Lazare, no 8° distrito de Paris.

Em Paris, manifestantes mascarados enfrentam as tropas de choque durante o quarto protesto nacional contra o projeto reforma da Previdência.
Em Paris, manifestantes mascarados enfrentam as tropas de choque durante o quarto protesto nacional contra o projeto reforma da Previdência. REUTERS/Benoit Tessier
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Participantes do protesto lançaram projéteis contra as tropas de choque, como frutas, legumes e garrafas de vidro. Militantes encapuzados também se infiltraram na passeata, gerando tensão. Para dispersar o tumulto, as forças de segurança lançaram bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes.

Segundo a Confederação Geral do Trabalho (CGT), que exige a retirada do projeto de reforma das aposentadorias defendido pelo presidente Emmannuel Macron, a manifestação desta quinta-feira (9) reuniu 370.000 pessoas nas ruas de Paris. Em todo o país, segundo os sindicatos, 800.000 franceses desfilaram nos protestos ocorridos em 80 cidades.

O Ministério do Interior publicou um balanço às 19h (15h em Brasília), citando 56.000 manifestantes na capital e 452.000 em todo o território. A guerra de números é frequente entre as autoridades e os sindicalistas. A queda de braço com o governo, iniciada há mais de um mês, continua num impasse.

Aposta no desgaste

Ecologistas e partidos de esquerda condenam a estratégia do governo de manter a tensão ao máximo para vencer os grevistas pelo cansaço, sem apresentar contrapropostas aceitáveis para uma negociação construtiva em torno das reivindicações dos sindicatos. Apesar das perdas salariais expressivas para os grevistas, após 36 dias de paralisação no metrô de Paris e na companhia ferroviária SNCF, os sindicatos deram hoje mais uma prova de que não pretendem ceder às autoridades.

Milhares de franceses têm feito doações para as vaquinhas organizadas pelos sindicatos para compensar as perdas salariais dos grevistas. A maior "cagnotte" (vaquinha, em francês), da CGT, já arrecadou € 2 milhões desde o início do movimento, em 5 de dezembro.

Idade "pivô": principal ponto de atrito

A proposta do governo prevê, entre outros aspectos, que a idade mínima para se aposentar com o benefício integral passe, paulatinamente, de 62 para 64 anos, chamada de "idade pivô". O representante da organização sindical CFDT, Laurent Berger, disse que se o governo não fizer concessões em relação a esse quesito da reforma, será difícil dar continuidade às negociações.

Esse é o principal ponto de discórdia entre os sindicatos e o Executivo francês, que defende sua reforma e o fim das aposentadorias especiais. Algumas concessões já foram feitas neste quesito para algumas categorias, como bombeiros, policiais ou pilotos, por exemplo. Com a promessa de criar um sistema "mais justo", em que cada euro de contribuição gere os mesmos direitos para todos, o presidente francês quer unificar o sistema de aposentadorias do país, onde coexistem atualmente 42 regimes diferentes.

Segundo uma pesquisa de opinião, pouco mais de 60% da população francesa continua apoiando os manifestantes, o que representa 5 pontos a menos em relação a meados de dezembro. Mas, para o primeiro secretário do Partido Socialista, Olivier Faure, a hostilidade dos franceses à reforma justifica novos dias de mobilização. Uma outra manifestação já está marcada para o sábado (11). O projeto de lei, que ainda tem vários elementos-chave em aberto, deve ser apresentado na reunião do Conselho de Ministros de 24 de fevereiro.

Companhia ferroviária acumula prejuízo de quase € 700 milhões

O presidente da companhia ferroviária SNCF, Jean Pierre Farandou, lamenta o custo dos dias parados. Segundo ele, a empresa perde diariamente cerca de € 20 milhões, com toneladas de fretes cancelados e passagens de trem não comercializadas. "Em breve, excederemos € 700 milhões em receita perdida", disse o dirigente à revista Paris Match nesta quinta-feira.

Em 2018, a SNCF já tinha enfrentado um movimento social contra a mudança de estatuto da empresa, que permitirá a abertura do setor à concorrência. Na época, o lucro da companhia caiu para € 141 milhões de euros, contra € 1,5 bilhão no ano anterior à paralisação.

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