Tradicional liquidação de inverno não deve compensar prejuízos da greve na França
O início da tradicional liquidação de inverno na França nesta quarta-feira (8) deve ser prejudicado pela greve no país. A paralisação continua hoje pelo 35° dia consecutivo.
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Durante as quatro semanas de promoções, os lojistas esperam poder se recuperar dos prejuízos provocados pelo movimento contra a reforma da Previdência e salvar a temporada, escreve Le Figaro. Normalmente, 20% das vendas de roupas na França são feitas durante o período de liquidação de inverno. Muito mais do que nos anos anteriores, “a promoção atual será crucial” para o setor, ressalta a reportagem.
Por causa da paralisação nos transportes, iniciada em 5 de de dezembro, as vendas na época de Natal foram “catastróficas” para um grande número de lojistas na região parisiense. O volume de negócios caiu 8% em 2019 em todo o país. Em Paris, o prejuízo foi ainda maior, de 18%.
Os comerciantes ainda têm um estoque importante de produtos que eles precisam vender para poder preparar a próxima temporada, primavera-verão. Alguns estão à beira da falência, informa o jornal conservador.
Além do efeito greve, há ainda uma tendência estrutural que há cinco anos vem reduzindo as vendas no período de liquidação. As promoções propostas durante todo o ano, tipo Black Friday, e a concorrência do comércio na internet, reduzem a margem de lucros.
Plano contra falência
O ministro da Economia, Bruno Le Maire, garante nas páginas do jornal que "nenhuma loja deve falir por causa da greve”. O ministro indica ao Le Figaro que prepara um plano para ajudar os comerciantes ameaçados de encerrar a atividade por causa do movimento de contestação.
As dificuldades de alguns fazem a felicidade de outros, escreve Le Figaro. Desde o início da liquidação nesta quarta-feira, as promoções começam altas para atrair os clientes, indo de no mínimo 30% até 70% do preço inicial.
O esforço será suficiente para atrair os consumidores? pergunta o jornal. Nada garante que isso aconteça. Os próprios lojistas não estão otimistas. O diretor da Galeries Lafayette de Paris, Alexandre Liot, lembra que 50% das vendas promocionais acontecem durante a primeira semana da liquidação. Além da greve que afeta os transportes há mais de um mês, há ainda nesta quinta-feira (9) um quarto dia de paralisação nacional contra o projeto do governo de criar um sistema de aposentadoria universal por pontos e no sábado (11) novas manifestações em todo o país. "Vai ser complicado", estima o diretor da Galeries Lafayette.
Nova rodada de negociações
Nessa terça-feira (7), sindicatos e governo voltaram à mesa de negociações, mas ainda não chegaram a um consenso. O primeiro-ministro Édoaurd Philippe, que preside as discussões, aceitou a ideia de uma das principais centrais sindicais francesas, a CFDT, de realizar uma conferência sobre o financiamento da reforma da Previdência, mas não cedeu sobre o aumento da idade da aposentadoria de 62 para 64 anos, um dos principais pontos de discórdia. Uma nova rodada de negociações está prevista para a próxima sexta-feira (10).
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