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Reforma da Previdência

Manifestações levam centenas de milhares às ruas da França em 13° dia de greve contra reforma

Centenas de milhares foram às ruas da capital e das principais cidades francesas nesta terça-feira (17) em protesto contra a reforma da previdência apresentada pelo governo de Emmanuel Macron. Este foi o terceiro protesto interprofissional desde o início da greve de transportes públicos e trens que já contabiliza 13 dias.

Manifestação contra a reforma de aposentadoria em Paris na terça-feira (17)
Manifestação contra a reforma de aposentadoria em Paris na terça-feira (17) REUTERS/Jean-Michel Belot
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Após o anúncio do primeiro-ministro Edouard Philippe de ampliar para 64 anos a idade para aposentadoria integral, um dos principais sindicatos franceses, a CFDT, aderiu às mobilizações que já aconteciam contra a reforma desde 5 de dezembro.

Este terceiro dia de protestos reuniu manifestações de diferentes categorias: trabalhadores ferroviários, professores, funcionários públicos, advogados, médicos e profissionais da saúde, entre outros. 

O resultado da forte mobilização se viu nas ruas: 615 mil pessoas participaram das manifestações desta terça-feira em todo país, segundo o Ministério do Interior. Os dados oficiais dão conta de 72,5 mil em Paris. A adesão seria, segundo o ministério, inferior à do primeiro dia de mobilização nacional, quando teriam sido 800 mil manifestantes.

Já a CGT, um dos principais sindicatos franceses, estimou a participação de 350 mil apenas na capital e cerca de 1.8 milhão de pessoas em todo o país. Os protestos desta terça teriam sido, segundo os sindicalistas, maiores que os do dia 5 de dezembro (1,5 milhão).

Houve protestos importantes em Paris, Lyon, Toulouse, Nantes, Bordeaux e Lille.

Ao longo do dia, milhares de casas em Gironde, Lyon, Nantes e Orléans tiveram cortes no abastecimento energia feitos voluntariamente pelos grevistas, afirmou a CGT. O ato seria uma "primeira advertência" ao governo, caso insista em seguir com o projeto, afirmou Francis Casanova, representante da CGT na empresa gestora da rede elétrica de alta tensão.

No começo da noite, cerca de 2 mil casas em Paris continuavam sem eletricidade em razão de danos à rede causados durante os protestos, segundo a empresa de energia responsável.

Projeto de reforma

A reforma da Previdência é um dos projetos centrais do governo Macron, que anunciava desde sua campanha o objetivo de acabar com os 42 sistemas de aposentadoria existentes para criar um sistema universal por pontos.

Nos últimos meses, o executivo passou a falar sobre a necessidade de rebalancear o orçamento com medidas que aumentem o tempo de trabalho. O projeto anunciado vai obrigar os franceses a trabalhar mais tempo, até 64 anos, para ter direito à pensão em sua integralidade. A chamada "idade de equilíbrio" é um ponto de divergência entre governo e sindicatos.

Na tentativa de achar uma saída para a crise, o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, marcou reuniões com organizações sindicais e patronais nq tarde de quarta-feira (18).

Trégua de Natal

Desde 5 de dezembro, a greve no sistema rodoviário tem afetado fortemente o transporte no país. Em Paris, mais da metade das linhas de metrô estão completamente fechadas, e os sistemas de ônibus e trem urbano estão funcionando com horário reduzido.

A situação tem feito franceses apelarem a carros e transportes alternativos, como patinetes, bicicletas ou longos percursos a pé, e causado todos os dias centenas de quilômetros de congestionamentos na capital e seus arredores.

Apesar da dificuldade cotidiana, uma pesquisa da Harris Interactive para RTL e AEF Info, 62% dos franceses apoiam o movimento de greve, embora 69% desejem uma "trégua de Natal".

Na negociação da reforma, o governo francês deve tentar conseguir essa trégua durante o período de festas de final de ano para garantir que os franceses possam viajar para entre Natal e Ano Novo.

Pilar da reforma pediu demissão

Os protestos acontecem um dia depois de Jean-Paul Delevoye, que durante dois anos negociou os moldes de reforma, ser obrigado a pedir demissão após ser acusado de conflito de interesses. Ele não havia declarado 13 cargos que exerceu, alguns remunerados, simultaneamente ao cargo no governo, o que é proibido na França.

De acordo com o governo francês, um novo ministro deve ser rapidamente designado, mas a data não foi especificada.

(Com informações da AFP)

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