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Para recrutar meio milhão de soldados para guerra contra Rússia, Ucrânia aposta em lei polêmica

O Parlamento ucraniano está estudando atualmente uma lei para reformar o sistema de recrutamento no país e estabelecer um programa de recrutamento. O objetivo é de atrair para o Exército meio milhão de ucranianos nos próximos meses. A Ucrânia precisa de novos soldados e luta para repor as perdas, mas também para permitir que os soldados que lutam há dois anos voltem para suas famílias.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, em 21 de novembro de 2023.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, em 21 de novembro de 2023. AFP - -
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Stéphane Siohan, correspondente da RFI em Kiev

O Exército ucraniano conta atualmente com 850.000 homens e precisa mobilizar entre 450.000 e 500.000 soldados em 2024.

De acordo com estimativas, 70 mil soldados foram mortos desde o início da invasão e 120 mil ficaram feridos. Kiev também precisa, de maneira urgente, organizar rotações de militares e criar brigadas na esperança de derrotar o Exército russo.

O problema que a Ucrânia enfrenta é que as pessoas que tinham motivação real para lutar já se alistaram em 2022. Alguns estão no front, outras morreram. Por isso, o país investe em uma lei que permita uma ampla mobilização e um aumento dos recrutas. Ao mesmo tempo, Kiev tem que encontrar um equilíbrio delicado, numa sociedade democrática, entre a força da lei e o respeito pelas liberdades individuais.

Debate sobre futuro do Exército

A lei sobre o recrutamento estudada pelo Parlamento prevê essencialmente reduzir a idade mínima do alistamento de reservistas de 27 para 25 anos, reformar os centros de recrutamento, que são um inferno burocrático, aumentar as sanções para os que fogem do recrutamento, que seriam privados de carteira de motorista e de comprar imóveis.

Outra possível mudança seria o estabelecimento de uma duração máxima de serviço de 36 meses, sendo que atualmente é ilimitada. Mas ainda não se sabe quais destas ideias serão mantidas pelo Parlamento.

Vários especialistas consideram que também deveria haver medidas de incentivo, como o aumento dos salários, ou uma melhor consideração das competências profissionais dos recrutas na sua missão.

Zelensky cauteloso

O projeto de lei não agrada à população por dois motivos. Em primeiro lugar, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky se recusa a assumir a responsabilidade por uma lei potencialmente impopular e envia a mensagem de que esta mobilização não é política, mas sim um pedido que vem do Exército.

Por outro lado, membros do partido presidencial sugerem outras soluções como, por exemplo, uma isenção do recrutamento para indivíduos que paguem impostos elevados, ou que façam uma doação para o orçamento. Outros falam de sorteio, como nos Estados Unidos durante a Guerra do Vietnã. Ideias que criaram muita controvérsia e acusações de discriminação contra os pobres e que, para escapar das trincheiras, basta pagar.

 

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