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UE debate definição unificada de estupro para o bloco, baseada em ausência de consentimento

A mesma definição de estupro em toda a Europa, baseada na ausência de consentimento. Este assunto delicado volta ao centro das discussões nesta quarta-feira (13) entre os Estados-membros da União Europeia. França e Alemanha não estão de acordo. 

Cerca de 100 mil estupros acontecem todos os anos na União Europeia. Bloco tenta encontrar definição comum para crime. Imagem de ilustração.
Cerca de 100 mil estupros acontecem todos os anos na União Europeia. Bloco tenta encontrar definição comum para crime. Imagem de ilustração. Getty Images/Fabio Sabatini
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Os debates dizem respeito a uma norma europeia destinada a combater a violência contra as mulheres com o objetivo de aproximar a legislação e a resposta criminal dos 27 países-membros sobre temas como a mutilação genital, a divulgação de vídeos íntimos e o assédio online. Mas a questão do estupro acabou se revelando a mais controversa.

Esta é a quarta sessão de debates e uma conclusão ainda está distante. 

O projeto, apresentado em 8 de março de 2022 pela Comissão, prevê no artigo 5º uma definição de estupro com base na ausência de consentimento. O Parlamento Europeu e alguns países como Espanha, Bélgica, Grécia, Suécia e Itália estão alinhados com a definição.

Mas outros como a França e a Alemanha se opõem à inclusão do estupro na legislação, alegando que a UE não tem competência na matéria. Para estes países, o crime não tem a dimensão transfronteiriça necessária para ser considerado um "eurocrime" passível de dar origem a uma harmonização europeia. 

Mas essa ideia é contestada pelo Parlamento Europeu e pela Comissão, que consideram que o estupro pode se enquadrar no âmbito da “exploração sexual das mulheres”, que faz parte dos “eurocrimes”.

“O sistema penal francês já é um dos mais severos da Europa no que diz respeito à questão do estupro”, afirma uma fonte francesa.

Paris e Berlim também acreditam que existe o risco de o texto ser rejeitado em caso de recurso à Justiça europeia.

Ausência de consentimento   

Porém, os eurodeputados e os movimentos feministas não estão convencidos e continuam a pedir ao presidente Emmanuel Macron para que a França adote uma definição europeia de estupro baseada na ausência de consentimento.

"Estamos pressionando a França, esperamos que em breve compreenda que deve ir para o lado certo da história”, disse à AFP a eurodeputada sueca Evin Incir (grupo Socialistas e Democratas). Segundo ela, uma mudança na posição de Emmanuel Macron poderia fazer com que o ministro da Justiça alemão, Marco Buschmann, também reformulasse suas ideias.

A Alemanha alterou a sua definição de estupro em 2016, que se baseia no princípio de “não significa não”. “Mas não ter conseguido dizer não, não significa que você disse sim”, objeta Evin Incir.

O eurodeputado francês Raphaël Glucksmann, do mesmo grupo, está indignado com o fato de “catorze Estados-membros, incluindo França, Polônia e Áustria, ainda usarem definições desatualizadas baseadas em violência física, ameaças ou coerção”. A petição “não à sabotagem da lei europeia” lançada pelo seu movimento Place Publique recolheu mais de 190.000 assinaturas.

Os apelos vêm de dentro da própria maioria do presidente no Conselho Europeu: 23 eurodeputados franceses, membros do grupo Renew Europe (centristas e liberais) assinaram um artigo no jornal Le Monde, na terça-feira (12), para apoiar uma “definição europeia de estupro em linha com as aspirações do nosso tempo”.  

Manfred Weber, presidente do principal grupo político de direita do Parlamento Europeu, o PPE, também questionou a atitude de Emmanuel Macron e do chanceler Olaf Scholz.

"Todos os anos, são registados mais de 100 mil estupros na UE. É hora de agir e não é com uma lei barata que conseguiremos proteger as vítimas", criticou o eurodeputado alemão.

(Com informações da AFP)  

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