Justiça britânica proíbe transferência para tratamento em Roma de bebê em fase terminal
A justiça britânica confirmou na quinta-feira (9) que uma menina inglesa gravemente doente não poderia ser transferida para a Itália para receber tratamentos, apesar da intervenção de emergência de Roma que lhe concedeu a nacionalidade italiana na terça-feira (7). Os pais da criança recorreram da decisão.
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Os pais de Indi Gregory, de oito meses, lançaram uma batalha contra os médicos britânicos, que recomendam interromper o suporte vital de sua filha que sofre de uma doença mitocondrial (relacionada ao processo de respiração celular) incurável.
Os médicos dizem que continuar o tratamento é inútil e doloroso, algo a que Dean Gregory e Claire Staniforth, pais de Indi, se opõem. Eles expressaram o desejo de transferir a menina para o hospital pediátrico Bambino Gesù, em Roma, de propriedade do Vaticano, que se ofereceu para continuar a tratá-la.
Mas o sistema de Justiça britânico, que inicialmente decidiu que os médicos poderiam interromper legalmente o tratamento, também recusou sua transferência para Roma.
Para tentar impedir a aplicação da decisão, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, cujo partido de extrema-direita “Fratelli d’Italia” (Irmãos da Itália) promove os valores tradicionais da família católica, convocou na terça-feira um conselho de ministros de emergência antes da interrupção do tratamento e concedeu a nacionalidade italiana a Indi Gregory.
Intervenção não muda nada
O juiz do Supremo Tribunal inglês, Robert Peel, decidiu na quinta-feira, durante uma audiência, que a intervenção de Roma não interfere nas decisões anteriores. Ele decidiu ainda que o tratamento que mantêm a menina viva não poderia ser interrompido em casa, como haviam pedido os pais, considerando “muito perigoso” realizá-lo fora do hospital “dadas as complicações clínicas”.
“É uma pena que o hospital e os tribunais britânicos estejam simplesmente ignorando a oferta do governo italiano”, respondeu o pai em um comunicado. “Apelo ao governo britânico para que permita que Indi vá para a Itália antes que seja tarde demais”, ela acrescentou.
Não existe tratamento para doenças mitocondriais, que são genéticas e impedem as células do corpo de produzir energia.
de acordo com o grupo cristão Christian Concern, que apoia o casal, os cuidados que mantêm a menina viva seriam interrompidos na quinta-feira a partir das 14h locais.
Esta não é a primeira vez que a Justiça britânica impede que uma criança inglesa seja tratada na Itália. Em 2018, o bebê de 23 meses Alfie Evans morreu vítima de uma doença degenerativa. Os pais foram impedidos de levar o filho ao mesmo hospital do Vaticano que acolheria Indi, após uma longa batalha judicial que teve a intervenção do papa Francisco. Alfie também recebeu a nacionalidade italiana.
(RFI e AFP)
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