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Autor de "Gomorra" é condenado a pagar multa de € 1 mil por insultar premiê italiana Giorgia Meloni

O jornalista e escritor italiano Roberto Saviano, autor de Gomorra, livro sobre as máfias italianas, foi multado nesta quinta-feira (12) em € 1.000 por difamar a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, a quem insultou em 2020 por suas posições anti-migrantes. O tribunal de Roma que julgou o caso em primeira instância decidiu por uma sentença simbólica, enquanto a acusação solicitou uma multa de € 10.000 e os advogados de Meloni pediram uma indenização no valor de € 75.000.

O escritor italiano Roberto Saviano espera pela apresentação de seu livro "No mar não tem taxi" (livre tradução de In mare non esistono taxi) no Spazio Forma Galeria, em Milão, em 1 de julho de 2019.
O escritor italiano Roberto Saviano espera pela apresentação de seu livro "No mar não tem taxi" (livre tradução de In mare non esistono taxi) no Spazio Forma Galeria, em Milão, em 1 de julho de 2019. AP - Luca Bruno
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Anne Le Nir, correspondente da RFI em Roma

Em 2020, durante um programa político no canal privado italiano 7, Roberto Saviano foi convidado a opinar sobre as declarações da líder do partido de extrema direita Fratelli d’Italia. Giorgia Meloni tinha declarado, após um naufrágio no Mediterrâneo durante o qual um bebê de seis meses perdeu a vida, que “Roma deveria ter repatriado os migrantes e afundado o barco que os resgatou”.

Para o autor de Gomorra, tal afirmação era "humanamente insustentável" e não hesitou em descrever Giorgia Meloni como uma “bastarda”. 

Uma vez no poder, Giorgia Meloni não achou por bem retirar a denúncia, acreditando que o assunto seria tratado “com imparcialidade tendo em conta a separação de poderes”.

O escritor e jornalista investigativo era ameaçado com uma pena de seis meses a três anos de prisão.

Liberdade de expressão na Itália

No X (antigo Twitter), o escritor afirmou que o tribunal de Roma terá de “estabelecer se é ou não possível exercer o direito de crítica”.

Para Hervé Rayner, especialista na Itália e professor de Ciência Política na Universidade de Lausanne, na Suíça, entrevistado pela RFI, o caso representa uma judicialização do debate político. “Há sem dúvida a ambição de dar exemplo com Roberto Saviano. Se Roberto Saviano algum dia fosse condenado, seria uma forma de acentuar a censura que será exercida no espaço público", afirmou.

O autor teve uma pena simbólica. Para Rayner, a absolvição seria vista como prova de que os magistrados trabalham para a oposição. 

"Entre as estratégias de longo prazo, está também o fato de a primeira-ministra ainda poder contar com um campo mediático globalmente muito favorável, e há muito tempo. Giorgia Meloni entrou na política em 1992 e já tem um bom tempo que a maioria das redações está alinhada com sua política. Nisso ela leva vantagem", analisa.

Meloni criticou no início de outubro a decisão de um juiz siciliano que considerou o último decreto anti-imigração do seu governo contrário à Constituição e ao direito europeu.

(Com AFP)

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