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Acesso cada vez maior a drogas na Europa é situação preocupante, destaca relatório

Os tipos e o acesso às drogas continuam aumentando na Europa, assim como sua produção local, alertou o Observatório Europeu de Drogas e Toxicodependência (OEDT) em seu relatório anual, divulgado nesta sexta-feira (16).

Drogas ilegais estão amplamente acessíveis e novas substâncias continuam aparecendo. Foto ilustrativa.
Drogas ilegais estão amplamente acessíveis e novas substâncias continuam aparecendo. Foto ilustrativa. © photopixel/ Shutterstock
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"Eu resumiria a situação assim: 'Everywhere, Everything, Everyone' (Qualquer lugar, tudo, todos, em tradução livre). As drogas ilegais clássicas estão hoje amplamente acessíveis e novas substâncias com forte teor de princípios ativos continuam aparecendo", analisa o diretor da agência, Alexis Goosdeel, citado no comunicado.

O relatório enfatiza a ampla gama de substâncias psicoativas disponíveis, que apresentam, em geral, alto teor de princípio ativo e de pureza. Segundo o estudo, todos podem ser afetados pelo uso de drogas ilícitas, pela operação do mercado de drogas e pelos problemas associados a ele. Primeiramente por conta das pessoas que desenvolvem problemas e precisam de tratamento, mas também pelo recrutamento de jovens vulneráveis para a criminalidade.

Há vários anos, a cocaína produzida na América do Sul aumenta cada vez mais no Velho Continente, chegando em grandes quantidades por seus portos escondida em contêineres marítimos. Em 2021, pelo menos 303 toneladas foram apreendidas no continente. Dados preliminares mostram que, no ano passado, foram encontradas 162 toneladas apenas nos portos da Antuérpia (Bélgica) e de Roterdã (Holanda), enquanto 27,7 toneladas foram interceptadas em toda a França.

Os dados sugerem que grupos do crime organizado também têm como alvo portos menores localizados em outros países da UE, bem como em países vizinhos, aponta o observatório.

Segundo as mesmas autoridades, apenas uma ínfima parte do volume de cocaína importado na Europa é apreendido pelas forças de segurança.

Fábricas de cocaína

O relatório também alerta para o surgimento de fábricas de cocaína na União Europeia, com 34 laboratórios desmantelados em 2021 (contra 23 em 2020). A cocaína é o estimulante ilícito mais conhecido na Europa, usado por 3,7 milhões de adultos europeus (15-64 anos) no ano passado. Está, no entanto, muito atrás da maconha, a primeira droga consumida por mais de 22 milhões de adultos na Europa em 2022. Cerca de um milhão de europeus usaram opioides em 2021, sendo a heroína o opioide ilegal mais usado no continente, com alta disponibilidade.

Heroína e cannabis

As quantidades de heroína apreendidas mais do que duplicaram em 2021, atingindo 9,5 toneladas na UE, bem como um recorde de 22,2 toneladas apenas na Turquia. Quase toda a heroína consumida na Europa vem do Afeganistão, onde o Talibã anunciou a proibição do cultivo da papoula em abril de 2022.

O relatório deste ano também se preocupa com o impacto dos derivados da cannabis na saúde pública. É o caso do hexahidrocanabinol (HHC), que a Agência Nacional para a Segurança de Medicamentos e Produtos de Saúde (ANSM) classificou esta semana na lista de narcóticos e cuja venda é proibida na França.

O HHC tornou-se o primeiro canabinóide semi-sintético relatado na UE: foi detectado em dois terços dos seus Estados membros e é vendido em alguns países como uma alternativa "legal" à cannabis.

Guerra afeta o tráfico

A guerra na Ucrânia interrompeu a logística da heroína, que chega à Europa via Ásia Central, Cáucaso e Mar Negro. A sua disponibilidade no país diminuiu, favorecendo assim a utilização de novas rotas.

Ao contrário da América do Norte, os novos opioides sintéticos, derivados, por exemplo, do fentanil e nitazenes, ainda desempenham um papel relativamente pequeno no mercado europeu de drogas como um todo, embora já sejam um problema significativo em alguns países.

Na Holanda, as autoridades relatam um aumento no consumo de ketamina, um anestésico e analgésico desviado para fins recreativos, principalmente entre os jovens durante festas techno. As apreensões na Europa estão estáveis ​​há vários anos (mais de uma tonelada).

O relatório também faz um balanço das novas substâncias psicoativas (NPS). Em 2022, 41 novas drogas foram relatadas pela primeira vez no Velho Continente, elevando o número total de novas substâncias psicoativas monitoradas pelo OEDT para 930.

(Com informações da AFP)

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