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Kiev garante que Bakhmut será recuperada em futura contraofensiva, apesar de dificuldades na região

Em Bakhmut, no leste da Ucrânia, as batalhas não dão trégua. Os russos afirmam controlar essa cidade industrial onde 80% da infraestrutura virou ruína. Mesma afirmação da parte dos ucranianos, que garantem que seu exército prepara uma contraofensiva e que a localidade será recuperada. 

Soldados ucranianos rastreiam drones russos na região de Bakhmut, leste da Ucrânia, em 16 de abril de 2023.
Soldados ucranianos rastreiam drones russos na região de Bakhmut, leste da Ucrânia, em 16 de abril de 2023. © Kai Pfaffenbach / REUTERS
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Com informações dos enviados especiais da RFI à Ucrânia, Anastasia Becchio et Boris Vichith, e agências

A região oriental do Donbass é o ponto mais quente da guerra. O comandante das forças terrestres ucranianas, Oleksandre Syrsky, reconhece que a situação é "complicada" em Bakhmut, mas abandonar a retomada da cidade é indiscutível. 

Há cerca de dez meses ucranianos e russos travam batalhas extremamente violentas pelo controle da localidade. Antes da invasão, a cidade contava com cerca de 70 mil habitantes.

Mas mesmo diante de todas as dificuldades, a Ucrânia garante que suportará a pressão do inimigo. "Continuaremos, apesar de todas as previsões e conselhos, a defender Bakhmut, a destruir os Wagner e as outras unidades de combate do exército russo", afirma o general Syrsky. "Junto com os comandantes, tomamos um certo número de decisões visando garantir uma defesa eficaz e a inflingir o máximo de perdas ao inimigo", declarou, durante uma visita ao local. 

O exército ucraniano se diz pronto a lançar desde que possível uma contraofensiva para recuperar os territórios ocupados pela Rússia, incluindo a península da Crimeia. Para isso, a Ucrânia afirma ter formado brigadas de ataque e estocado munições, enquanto tenta poupar suas próprias tropas e esgotar as do adversário na linha de frente. Também recebeu tanques e artilharia de longo alcance de seus aliados ocidentais.

Já a Casa Branca indicou na segunda-feira (1°) que a Rússia esgotou seus estoques de armamentos e efetivos. Além disso, cerca de 20 mil soldados russos teriam morrido nos combates nos últimos cinco meses; outros 80 mil ficaram feridos - uma situação que pode representar desvantagem ao país diante dos planos da contraofensiva ucraniana. 

"A impressão que temos é que eles se multiplicam"

A retomada de Bakhmut, no entanto, não será simples. No jardin do hospital onde os alertas antibombas soam, Anton, militar ucraniano ferido em uma operação na cidade, se recupera do ataque que dizimou sua unidade. De um total de dezesseis soldados, apenas dois foram poupados; um morreu e todos os outros foram feridos. Anton sofreu um traumatismo craniano e perdeu vários dentes.

À RFI, ele contou que os russos são numerosos no local. "Eles nos atacam com sua artilharia e seus tanques para nos obrigar a permanecer na trincheira. Depois, enviam seus homens e marcham em nossa direção", afirma.

Segundo ele, o exército ucraniano reage, mas os russos não desistem de avançar. "Matamos cerca de 30 soldados, mas eles nem mesmo os retiram do campo de batalha. Depois, eles atacam novamente. Nos escondemos nas trincehiras, mas uma hora mais tarde, um grupo de 50, 60 homens lança uma nova ofensiva. Não tem fim. A impressão que temos é que eles se multiplicam", reitera. 

Desprovidos de meios de comunicação, os soldados chegam a esperar quase três dias por socorro, sem água ou alimentos. "É um horror lá. Há muita gente que recusa retornar. Eles escrevem a seus superiores para avisar que não voltarão a Bakhmut. Eles aceitam ser enviados a qualquer outro lugar, menos para lá", conta.

Anton diz que, como vários colegas, não aceitará retornar ao local: "passei seis dias lá e vi o que é. Já foi suficiente". Um pouco mais tarde, o soldado afirma à reportagem que não terá outra opção, logo que tiver se recuperado. 

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