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Sinal de futura derrota para a Rússia, Exército ucraniano inicia retirada de civis de Bakhmut

A situação é extremamente tensa em Bakhmut, no leste da Ucrânia, onde o grupo paramilitar Wagner está cada vez mais perto de seu objetivo de tomar a cidade que se tornou símbolo do conflito entre Kiev e Moscou. Debaixo de bombardeios, as operações para a retirada de civis se multiplicam, gerenciadas pelo Exército ucraniano. 

Des militaires ukrainiens sur des véhicules de combat d'infanterie BMP-2, près de la ville de Bakhmout, le 27 février 2023.
Des militaires ukrainiens sur des véhicules de combat d'infanterie BMP-2, près de la ville de Bakhmout, le 27 février 2023. REUTERS - STRINGER
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Com informações de Vincent Souriau e Julien Boileau, enviados especiais da RFI a Rai-Oleksandrivka, e da AFP

O município de Rai-Oleksandrivka está a 30 quilômetros de Bakhmut. Na chegada da reportagem da RFI ao local, uma equipe do SBU, o serviço de inteligência militar da Ucrânia, foge das perguntas. 

Eles revelam, no entanto, que acabaram de participar de uma reunião com Galina, a líder do vilarejo. Para ela, a presença dos militares no local mostra que "alguma coisa está mudando". 

Segundo Galina, nesta área do leste da Ucrânia, a retirada de moradores pelo exército ucraniano era, até o momento, inédita. "As pessoas estavam indo embora por conta própria", diz. 

A líder de Rai-Oleksandrivka reitera que o vilarejo servirá de local de passagem. "Estamos esperando crianças e famílias que chegarão de Bakhmut e arredores. Os militares os escoltarão até aqui. Em seguida, eles serão transferidos, mas ainda não sei para onde, provavelmente para outras regiões da Ucrânia mais seguras", prevê. 

Rússia fecha o cerco

O Exército ucraniano admitiu, nesta terça-feira (28), uma situação "extremamente difícil" em Bakhmut, onde as tropas russas tentam fechar o cerco e tomar o local que é palco de combates intensos há meses

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que visitou a região em dezembro, prometeu defender a cidade "pelo tempo que for necessário". No entanto, na segunda-feira (27), reconheceu que "a situação está a cada vez mais complicada" no local. "O inimigo destrói sistematicamente tudo o que pode ser usado para proteger nossas posições", salientou, chamando os soldados ucranianos engajados nesta batalha de "verdadeiros heróis".

Militares que atuam no local confirmam as dificuldades. "Apesar de sofrer baixas significativas, o inimigo enviou as unidades de ataque mais bem preparadas do grupo Wagner para tentar romper as defesas das nossas tropas e cercar a cidade", indicou o comandante das forças terrestres ucranianas Oleksandr Syrskyi.

O fundador da milícia pró-russa, Yevgueny Prigozhin, anunciou no sábado (25) a tomada por seus combatentes da localidade de Yahidne, na periferia norte de Bakhmut. Em janeiro, os russos controlaram Soledar e, em fevereiro, Krasna Gora, também no norte.

Nas últimas semanas, as tropas russas avançaram lentamente em direção à cidade industrial, que contava com 70 mil habitantes antes da invasão. Os russos cortaram três das quatro rodovias de abastecimento das tropas ucranianas. Agora, resta como via de saída apenas a estrada que segue para Chasiv Yar, 15 quilômetros a oeste.

Cinco mil civis em Bakhmut

Bakhmut foi praticamente destruída pelos combates. Pavlo Kyrylenko, governador da região de Donetsk, no leste, anunciou em meados de fevereiro que pelo menos cinco mil civis, incluindo 140 menores, permaneciam na cidade.

Militares ucranianos entrevistados pela AFP no local declaram que não perdem o moral. "Não conhecemos toda a situação operacional, mas estamos aqui, não fugimos", disse um soldado de 44 anos, identificado apenas como "Kai". "Não apenas Bakhmut, também vamos recuperar a Crimeia e tudo mais", acrescentou "Ded", 45 anos.

Já o soldado "Fox" não esconde seu pessimismo: "acho que, muito provavelmente, Bakhmut vai cair", diz. Segundo ele, as tropas ucranianas estão cansadas, em menor número que "o inimigo" e sem munições.

"Não dormimos o suficiente, faz frio, chove, o tempo muda o tempo todo, os bombardeios são constantes, e os ataques de Infantaria também", lamenta. "Estamos no fio da navalha", resume.

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