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"Entrega de tanques à Ucrânia não é unanimidade", diz Berlim; armamento poderia decidir a guerra

A Alemanha afirmou que nenhuma decisão foi tomada na reunião dos aliados em Ramstein, nesta sexta-feira (20), sobre a entrega de tanques ​​à Ucrânia, diminuindo as esperanças de Kiev, que solicita o armamento para repelir a invasão russa.

Um tanque de guerra ucraniano nas proximidades da linha do fronte  na região de Lugansk, na Ucrânia, em 15 de janeiro de 2023.
Um tanque de guerra ucraniano nas proximidades da linha do fronte na região de Lugansk, na Ucrânia, em 15 de janeiro de 2023. AP - LIBKOS
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Se a questão da entrega dos tanques Leopard foi discutida, "nenhuma decisão foi tomada", declarou o novo ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, sem dizer quando haveria uma decisão sobre o assunto. 

"Ficou claro que as posições estão longe de ser tão homogêneas quanto se poderia pensar", disse ele às margens da reunião de Ramstein, que reúne ministros da Defesa e militares de alto escalão de cinquenta países.

A Polônia e a Finlândia se ofereceram para entregar os tanques, mas qualquer remessa de material de guerra alemão deve receber luz verde de Berlim.

Pistorius, no cargo apenas desde quinta-feira (19), descartou "a impressão" de que seu país se opõe à entrega, garantindo que Berlim estava agindo e lançava um inventário de estoques de Leopard disponíveis em seu Exército e na indústria.

Na abertura da reunião, o presidente ucraniano, Volodymyr Zekensky, pediu aos aliados que acelerassem as entregas de armas pesadas. “Está em seu poder lançar um grande abastecimento que deterá o mal”, disse ele por videoconferência. 

O Kremlin respondeu imediatamente que isso não mudaria nada no terreno. Os países ocidentais alimentam a "ilusão" de uma possível vitória ucraniana "no campo de batalha", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

Arma com impacto significativo

O tanque de guerra Leopard 2, que a Ucrânia vem exigindo há meses da Alemanha e do Ocidente, é uma arma de renome mundial que pode ter um impacto "significativo" no campo de batalha, de acordo com especialistas.

Projetado pelo fabricante alemão Krauss-Maffei e construído em série a partir do final da década de 1970 para substituir os tanques americanos M48 Patton e depois o tanque Leopard 1, o Leopard 2 combina poder de fogo, mobilidade e proteção.

Este tanque de combate de cerca de sessenta toneladas, dos quais cerca de 3.500 exemplares foram fabricados, está equipado com um canhão de cano liso de calibre 120 mm que lhe permite combater o inimigo em movimento, graças aos seus 1.500 cavalos de potência, até 70 km/h , com um alcance de 450 km.

Também é equipado, segundo o fabricante, com "proteção passiva integral" eficaz contra minas e lançadores de foguetes. Sua tripulação de quatro membros ainda se beneficia de ferramentas tecnológicas para localizar e direcionar o inimigo à longa distância.

Outra grande vantagem: o Leopard é amplamente difundido no continente, facilitando o acesso a munições e peças de reposição e simplificando a manutenção, que é exigente para este tipo de equipamento.

Os últimos quatro modelos ainda estão em uso, desde o 2A4, oferecido pela Polônia que pode entregar 14 exemplares a Kiev, até o 2A7, do qual Berlim não está disposta a se desfazer, preferindo mantê-lo - como a França com seu tanque Leclerc - para assegurar a sua própria defesa.

A Finlândia, equipada com mais de 200 exemplares, segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), também está disposta a equipar o Exército ucraniano.

Segundo a imprensa alemã, outros países europeus, não mencionados, e a Otan também estariam de acordo para participar desse esforço dentro de uma coalizão de operadores.

A Grécia, com 350 tanques, e a Turquia, que os utilizou contra as forças curdas no norte da Síria, são os países com mais exemplares do modelo 2A4.

Solução    

A melhor solução seria que os países dispostos a contribuir enviassem tanques 2A4. Dispor do "mesmo modelo é muito importante por questões de formação e logística”, facilitando, por exemplo, o envio de peças sobressalentes, explica na rádio alemã RND o ex-inspetor do Exército, general Bruno Kasdorf.

Na Alemanha, o fabricante de armas Rheinemetall, que fornece o canhão do tanque e seus sistemas eletrônicos e tem várias dezenas de modelos antigos, já alertou que uma atualização de suas unidades levaria meses, para uma provisão em 2024, segundo seu líder, Armin Papperger.

A Alemanha, no entanto, poderia entregar, de acordo com o General Kasdorf, o Leopard 1s, que não está mais em serviço desde o início dos anos 2000, mas "disponível para entrega em um prazo relativamente curto".

Se Kiev pudesse receber cem tanques no total, o efeito seria "significativo" no campo de batalha contra os russos, estima o IISS.

Equipado com o Leopard 2, "um exército pode romper as linhas inimigas e pôr fim a uma longa guerra de trincheiras", confirma Papperger no jornal Bild. "Com o Leopard, os soldados podem avançar várias dezenas de quilômetros de uma só vez".

(Com informações da AFP)

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