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Bombardeios russos ameaçam 7 milhões de crianças ucranianas; ONGs pedem mais ajuda internacional

Os bombardeios russos contra infraestruturas energéticas ucranianas acarretam riscos para quase todas as 7 milhões de crianças da Ucrânia, advertiu nesta quarta-feira (14) o Unicef. Para organizações humanitárias ucranianas, o número de equipamentos provenientes do exterior é insuficiente em comparação com as necessidades locais. 

Trabalhadores carregam geradores de eletricidade e de aquecimento em um trem, como parte de uma ajuda humanitária para a Ucrânia, em Praga, na República Tcheca, em 14 de dezembro de 2022.
Trabalhadores carregam geradores de eletricidade e de aquecimento em um trem, como parte de uma ajuda humanitária para a Ucrânia, em Praga, na República Tcheca, em 14 de dezembro de 2022. REUTERS - DAVID W CERNY
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Sem acesso estável à eletricidade, à aquecimento ou à água, "as crianças não somente não têm condições de enfrentar o frio extremo — com temperaturas invernais que podem ser inferiores a -20o — mas também não podem aproveitar as possibilidades do aprendizado online, o único meio de ter acesso à educação para muitos menores, com tantas escolas destruídas", alertou o Fundo para a Infância da ONU. 

"Os centros de saúde também não podem proporcionar todos os serviços essenciais e o sistema de água defeituoso aumenta o risco, já bastante elevado, de pneumonia, gripe, doenças de origem hídrica ou Covid-19", acrescentou a organização em um comunicado. 

As crianças também não podem "se conectar com amigos ou família, colocando em perigo sua saúde física e mental", disse a diretora geral do Unicef, Catherine Russell. 

Após sofrer vários retrocessos militares no terreno, a Rússia está executando desde outubro uma campanha de bombardeios massivos contra infraestruturas energéticas ucranianas. 

Até agora, 40% das capacidades ucranianas de produção de energia foram destruídas. Apesar das reparações, o sistema elétrico do país pôde apenas cobrir 70% da demanda, em 28 de novembro, dia de um pico de consumo, segundo o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

Falta de ajuda internacional

Nesta quarta-feira, acontece em Paris o segundo dia da Conferência pela Ucrânia, que reune representantes de quase 50 países para discutir uma ajuda imediata para o país para passar o inverno. A escassez de produtos continua em Kiev e sobretudo em Odessa, sem eletricidade há uma semana.

Organizações humanitárias ucranianas tentam ajudar, mas o número de equipamentos provenientes do exterior é insuficientes em comparação com as necessidades. 

Milan Zaitsev é diretor de projetos em Vostok SOS, a principal ONG implantada no Donbass desde o começo da guerra de 2014. 

Ele acaba de voltar de uma missão no sul e no leste da Ucrânia onde constatou a falta de meios colocados à disposição, em relação às necessidades reais de ajuda. 

"Até hoje, encaminhamos dezenas, talvez centenas, de geradores ao todo. Mas, claro, é insuficiente quando vemos as enormes necessidades no país. Perto da linha de frente, as necessidades são menos importantes que nas grandes cidades como Kiev ou Lviv, enquanto as regiões recentemente liberadas se esvaziaram de sua população e isso reduz as necessidades e a demanda de eletricidade nessas zonas geográficas", explicou Zaitsev à RFI

Para ele, a ajuda de emergência é necessária, mas proteger a Ucrânia seria um método ainda mais eficaz. "Precisamos realmente de muitos equipamentos para reparar os estragos, mas temos também que defender o que nós temos e o que ainda funciona. E para isso, claro, precisamos de apoio militar", afirma. 

Por isso, para a imprensa de Kiev, o destaque não foi a ajuda de quase um bilhão de euros da Conferência de Paris, mas o anúncio dos Estados Unidos de uma possível entrega de Patriots, um sistema de mísseis antiaéreos. 

Sem trégua no Natal

Nenhuma trégua de Natal ou Ano Novo na Ucrânia está sendo discutida, de acordo com o Kremlin, nesta quarta-feira. 

"Nenhuma proposta foi recebida de ninguém e o assunto não está na agenda", declarou à imprensa o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, quando questionado sobre a possibilidade de uma interrupção dos combates. 

O porta-voz do Kremlin também não adiantou nenhuma data para o discurso anual do presidente Vadimir Putin ao Parlamento russo, que não aconteceu em 2022. 

O líder russo já renunciou, sem dar explicações, a esta grande coletiva anual com a imprensa, em um contexto em que sua campanha militar na Ucrânia foi perturbada por vários recuos. 

A Rússia descartou se retirar militarmente da Ucrânia e prometeu continuar com os combates. 

Na quarta-feira, uma alto dirigente colocado pela Rússia no leste da Ucrânia, Denis Pushilin, indicou que quer "liberar" outras zonas do país, a região de Odesa no mar Negro e Chernigiv, no norte, segundo uma entrevista à agência de notícias Ria-Novosti.

Questionado por estas declarações, Peskov insistiu que a prioridade era "proteger as pessoas das regiões de Lugansk e Donetsk", no leste do país.  

(RFI e AFP)

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