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Milhares de ativistas LGBTQ+ participam de marcha em Belgrado, apesar da proibição das autoridades

Milhares de integrantes da comunidade LGBTQ+ participaram de uma marcha, neste sábado (17), em Belgrado, capital da Sérvia, sob forte proteção policial. A Europride havia sido proibida pelas autoridades, que prenderam cerca de 30 pessoas.

Ativistas LGBT passam por uma igreja ortodoxa durante uma marcha do orgulho Gay, em Belgrado, em 17 de setembro de 2022. Representantes da comunidade LGBTQ saíram àas ruas apesar da proibição da Europride pelas autoridades.  (Foto de Andrej ISAKOVIC/AFP)
Ativistas LGBT passam por uma igreja ortodoxa durante uma marcha do orgulho Gay, em Belgrado, em 17 de setembro de 2022. Representantes da comunidade LGBTQ saíram àas ruas apesar da proibição da Europride pelas autoridades. (Foto de Andrej ISAKOVIC/AFP) © Andrej ISAKOVIC / AFP
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O ministério do Interior da Sérvia proibiu a marcha na terça-feira, citando preocupações de segurança, já que grupos de extrema direita ameaçavam realizar seus próprios protestos. O desfile, que deveria ser o ponto alto deste evento pan-europeu que acontece todos os anos em uma cidade diferente, ocorreu sem incidentes. Porém, de acordo com a imprensa local, houve enfrentamento dos contramanifestantes e a polícia.

"Já estive em vários Prides, mas este é um pouco mais estressante do que os outros", disse a modelo e ativista Yasmin Benoit à AFP. "Sou da Inglaterra, onde todos estão mais unidos e onde o evento é mais comercial”, acrescentou.

"Estamos lutando pelo futuro deste país", resumiu Luka, um manifestante sérvio.

Apesar da proibição, os manifestantes conseguiram caminhar algumas centenas de metros debaixo de chuva, entre o Conselho Constitucional e um parque próximo, um percurso muito mais curto em comparação com a Marcha do Orgulho inicialmente prevista.

Grandes efetivos da polícia de choque foram mobilizados em torno da manifestação e repeliram pequenos grupos de contramanifestantes que carregavam cruzes e insígnias religiosas.

O ministério do Interior também havia proibido contramanifestações, mas em salas de bate-papo de extrema direita os usuários prometiam protestar.

Homofobia enraizada

De acordo com o ministério, 31 pessoas foram presas. As autoridades não especificaram quem eram essas pessoas, mas jornalistas viram vários contramanifestantes sendo presos.

De acordo com a televisão N1, ocorreram confrontos entre a polícia e os contramanifestantes, que atiraram bombas de fumaça contra os polícias, danificando algumas viaturas.

A proibição da marcha causou consternação entre as ONGs de direitos humanos. É uma “rendição vergonhosa e a consagração implícita da intolerância e ameaças de violência ilegal”, afirmou Graeme Reid, diretor do programa de direitos LGBTQ+ da Human Rights Watch.

A Sérvia tem sido alvo de intensa pressão internacional: mais de 20 embaixadas, incluindo as dos Estados Unidos, França, Alemanha e Japão, pediram em uma declaração conjunta para o país reconsiderar sua decisão.

O casamento homossexual não é legal neste país de menos de sete milhões de habitantes, onde a homofobia está profundamente enraizada, apesar de alguns avanços contra a discriminação.

As marchas do Orgulho LGBT de 2001 e 2010 foram alvo da extrema direita e marcadas pela violência. Desde 2014, o Pride é realizado sem incidentes notáveis, mas sob forte proteção policial.

No último fim de semana, milhares de pessoas, gangues de motociclistas, padres ortodoxos e nacionalistas de extrema direita saíram às ruas para exigir o cancelamento do desfile. "Estou aqui para preservar as tradições, a fé e a cultura sérvias que estão sendo destruídas pelos sodomitas", disse à AFP Andrej Bakic, 36 anos, um contramanifestante e membro de um grupo, cercado pela polícia de choque.

A Sérvia é candidata à adesão à União Europeia há uma década, mas os Estados-membros levantaram preocupações sobre o histórico de direitos humanos no país ao longo dos anos.

 

(Com informações da AFP)

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