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Sem tempo para viver o próprio luto, Charles III assume em momento de crise e dúvidas no Reino Unido

Confirmado novo monarca do Reino Unido, o rei Charles III será anunciado oficialmente chefe de Estado neste sábado (10), no Palácio St.James, na capital britânica, após reunião de políticos seniores do governo e integrantes do chamado Privy Council, como são conhecidos os conselheiros da monarquia. Tiros de canhão serão disparados no Hyde Park e na Torre de Londres após o pronunciamento do rei — seguindo uma tradição que vem desde o início do século VIII. Caberá ao soberano se pronunciar aos súditos e dar os primeiros sinais de como pretende ocupar o vácuo deixado pela mãe.

O rei Charles III deixando o aeroporto de Aberdeen com destino a Londres, onde será anunciado oficialmente chefe de Estado neste sábado (10)
O rei Charles III deixando o aeroporto de Aberdeen com destino a Londres, onde será anunciado oficialmente chefe de Estado neste sábado (10) AP - Aaron Chown
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Vivian Oswald, correspondente da RFI em Londres

Seu reino começa em meio a um cenário de desalento, sob a maior onda inflacionária das últimas quatro décadas, num momento em que um novo governo recém-inaugurado por sua mãe, a rainha Elizabeth II, tenta amenizar os efeitos de uma crise energética sem precedentes na vida das famílias britânicas. Fala-se em “pobreza energética” para 9,1 milhões de lares neste país de 66 milhões habitantes. Este é o contingente de cidadãos que devem ter de tirar da mesa o que precisam para pagar as faturas de luz e gás. O clima certamente não é bom, e a boa vontade da população com o novo rei passa longe da admiração que os súditos tinham por Lilibeth, como era chamada pelo pai, o Rei George VI.

Tudo isso aumenta as chances de questionamentos. Não apenas do governo que começou esta semana, mas também do próprio papel da monarquia na cena contemporânea. Nesse contexto, a tarefa de Charles III, que se preparava para ocupar o trono há 73 anos, será duplamente complicada. Ele terá de conquistar os corações dos súditos sem o mesmo carisma da mãe num momento amargo da história nacional.

Se a rainha Elizabeth II era a figura mais popular do país, seu primogênito, agora rei, ocupava modesto 14° lugar na lista, segundo pesquisas recentes. Mas, segundo especialistas, na medida em que os súditos vão digerindo a informação sobre a morte de Elizabeth II, vão dando a ele um voto de confiança. Muito será dito sobre ele e a mãe. As televisões e rádios por todo o país interromperam suas programações. Só falam da morte da rainha que se confunde com a história do Reino Unido, que, por sua vez, entra em uma nova era.

Coroação vai ter que esperar

Sem tempo para viver o próprio luto, o soberano parte em viagem pelo país, enquanto a Casa Real dá prosseguimento aos ritos previstos no plano London Bridge, ou Ponte de Londres, codinome do livro com todo o protocolo a ser observado até o dia do funeral de Estado, que deve acontecer em pouco mais de uma semana.

A coroação só deve acontecer mais tarde, passado período de luto da família real, que se encerra sete dias após o funeral de Elizabeth II. A monarca morreu na tarde de quinta-feira (8) em Balmoral, na Escócia, onde passava suas tradicionais férias de verão. Era um de seus endereços favoritos. Lá e em outros pontos do país onde estão as residências reais, dezenas de milhares de pessoas têm feito verdadeira romarias para prestar sua última homenagem à rainha.

A partir de sábado, seus súditos deverão se acostumar a entoar o hino “God save the King”, o que não acontece há pouco mais de sete décadas, o período do reinado de Elizabeth II, o mais longo da história do país. Nesta sexta-feira, uma salva de 96 tiros de canhão foram disparados no Hyde Park, na Torre de Londres e nos navios da marinha britânica em homenagem à longa vida da rainha.

As bandeiras permanecerão a meio-pau por todo o reino até o fim do período de luto da família real.

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