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UE: Áreas queimadas nos sete primeiros meses de 2022 já superam as do ano passado

Após vários dias de intenso combate às chamas, os bombeiros começam a controlar os grandes incêndios que assolaram parte da Europa, especialmente a França e a Espanha, e a situação no terreno é mais tranquila nesta quinta-feira (21). Contudo, os incêndios florestais, particularmente no oeste do continente, atingido por fortes ondas de calor, já destruíram uma área maior nesses sete primeiros meses do que durante todo o ano de 2021, segundo o serviço europeu de monitoramento especializado.

Imagem mostra o camping  Flots Bleus na Gironde que foi parcialmente devastado pelo fogo, em 19 de julho de 2022.
Imagem mostra o camping Flots Bleus na Gironde que foi parcialmente devastado pelo fogo, em 19 de julho de 2022. © Simon Rozé - RFI
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Na França, os dois incêndios que destruíram 20.800 hectares de floresta na região da Gironde, no sudoeste do país não avançaram esta noite. Os bombeiros ainda combatem alguns focos, segundo informaram as autoridades, na manhã desta quinta-feira. Os incidentes duraram 10 dias e levaram à retirada de mais de 36.000 pessoas

Na quarta-feira (20), os cerca de 2.000 bombeiros envolvidos na operação conseguiram impedir a progressão do fogo graças ao clima mais favorável, com temperaturas mais baixas e or ar mais úmido. Contudo, os moradores ainda não puderam voltar para as suas casas.

Na Espanha, o governo regional de Aragão informou que o combate ao incêndio em Ateca, cidade localizada no nordeste do país, "tem sido positivo nas últimas horas", e que os bombeiros conseguiram impedir a retomada das chamas. O fogo, deflagrado na segunda-feira (18), atingiu uma área de 14 mil hectares e levou à retirada de 1.700 pessoas.

"O retorno dos habitantes às regiões esvaziadas está cada vez mais próximo, mas temos que ter cuidado", afirmou o governador Javier Lambán.

Esta manhã, o trecho da autoestrada A2, que liga Madrid a Barcelona, ​​e que teve de ser interrompido devido às chamas, foi reaberto ao trânsito.  

Nos últimos dias, a Espanha foi varrida por incêndios devastadores, favorecidos por uma onda de calor que durou de 9 a 18 de julho e pode ser a mais extrema já registrada no país, segundo dados provisórios da agência meteorológica nacional (AEMET).  

Desde o início do ano, cerca de 70 mil hectares foram reduzidos a cinzas no país, “praticamente o dobro da média dos últimos dez anos” no mesmo período, disse o primeiro-ministro Pedro Sánchez.  

Superfície queimada bate recorde

O Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (Effis), que tem medidas diferentes das observações de satélite, conclui que 2022 acaba de se tornar o pior ano desde o início da série estatística em 2000, com 194.704 hectares carbonizados por 319 incêndios na Espanha. Isso é mais do que todo o ano de 2012, o ano recorde anterior.

O incêndio na província de Zamora (noroeste), um dos piores dos últimos dias e que resultou na morte de um bombeiro e de um pastor, no domingo (17) e na segunda-feira (18), foi controlado e manteve-se "calmo e sem chamas", indicou a região de Castela e Leão.

Após uma breve pausa nas temperaturas na terça (19) e quarta-feira, a Espanha observa os termômetros subirem novamente a partir desta quinta-feira, com previsões de 41ºC na Extremadura (sudoeste) e 40ºC na Andaluzia (sul), enquanto grande parte do território permanece em alerta, segundo a AEMET.

UE tem mais áreas queimadas em 2022 do que em todo 2021

Nos 27 países da União Europeia (EU), os incêndios devastaram um total de 517.881 hectares desde o início do ano (dados de 16 de julho), ou seja, pouco mais de 5.000 km2, equivalente à superfície de um departamento francês como Mayenne, no país do Loire, ou as ilhas de Trinidad e Tobago, no Caribe.

Durante todo o ano de 2021, marcado por inúmeros incêndios na Itália e na Grécia, 470.359 hectares (4.700 km2) foram queimados nos países da UE, segundo dados compilados pelo Effis.

Se a tendência se mantiver, 2022 poderá igualar ou ultrapassar 2017, o pior ano registado na UE desde a criação do Effis, em 2000, quando 988.087 hectares de vegetação desaparecerem na fumaça, ou seja, cerca de 10.000 km2 ou a área de um país como o Líbano.

"A situação é pior do que o imaginado, ainda que esperássemos anomalias de temperatura”, explica Jesus San Miguel, coordenador da Effis. O especialista destaca que "a onda de calor é decisiva [nos incêndios] e claramente ligada ao aquecimento global".

Desde o início do ano, cerca de 40.000 hectares foram queimados na França, em comparação com pouco mais de 30.000 em todo o ano de 2021. Na Espanha, mais de 190.000 hectares foram queimados no mesmo período, em comparação com quase 85.000 em todo o ano 2021, e mais de 46.000 em Portugal, em comparação com mais de 25.000 em 2021.

Até mesmo nações não acostumadas com incêndios florestais, como o Reino Unido, onde a temperatura ultrapassou pela primeira vez 40°C esta semana, veem grandes áreas sendo queimadas. Pouco mais de 20.000 hectares foram devastados pelas chamas no país, desde o início do ano, em comparação com pouco mais de 6.000, em 2021, de acordo com a Effis.

"Sabíamos que seria um verão difícil e deve continuar, não estamos nem na metade da temporada de incêndios", disse San Miguel. "Antes, a temporada era concentrada de julho a setembro, agora temos temporadas mais longas e queimadas muito intensas", completa.

(Com informações da AFP)

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