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Banco Central Europeu aumenta taxa de juros pela primeira vez em 11 anos

O Banco Central Europeu (BCE) decidiu, nesta quinta-feira (21), elevar as taxas básicas de juros da zona do Euro pela primeira vez em mais de uma década. Diante da inflação galopante, temores de crise energética e perspectivas econômicas sombrias, a instituição optou por um aumento de juros de 0,5 ponto, ajuste maior do que o esperado, apesar do contexto da crise política italiana.

Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu.
Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu. AFP - JOHN THYS
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De acordo com observadores econômicos, o BCE optou pela ousadia: elevou suas três taxas principais em 50 pontos base, depois de ter lançado expectativas no mercado de um aumento de apenas 25 pontos. A decisão tem efeito a partir de 27 de julho.

Assim, a taxa de juros aplicável às operações principais passa de zero, o nível em que estava desde 2016, para 0,5%. A taxa de juros de empréstimos avança para 0,75% (antes 0,25%) e a taxa de depósitos, que tem sido negativa nos últimos oito anos, passa a 0% (frente aos anteriores -0,50%). Todas estavam em mínimos históricos.

A decisão sobre este aperto foi "unânime" face à inflação que "permanecerá em um patamar indesejável durante algum tempo", declarou a presidente da instituição, Christine Lagarde. Os preços ao consumidor subiram 8,6% em junho, comparados com o mesmo período do ano passado, um recorde para a zona do euro e uma oscilação acima da meta anual de 2% do BCE.

O Banco Central tem o desafio de calibrar a taxa de juros para não agravar a crise econômica em uma zona já enfraquecida pelas dúvidas quanto ao abastecimento de gás e pela crise política na Itália. A soma dos efeitos da recuperação da atividade econômica pós-Covid e das tensões nas cadeias de suprimentos, além da crise energética por conta da ofensiva russa na Ucrânia, aumentam a complexidade da decisão.

A queda do valor do euro, cotado ao nível mais baixo em relação ao dólar em 20 anos, reflete os temores de que a União Europeia entre em recessão neste segundo semestre. 

Fim da era de taxas negativas

Com o aumento da taxa de juros, o BCE encerra uma era de taxas negativas, iniciada em 2014, e põe fim a uma década de política monetária generosa, que ajudou a economia a superar as crises dos últimos anos. "O horizonte econômico está escurecendo", resumiu Lagarde nesta quinta-feira, afirmando que as perspectivas se deterioram "para o segundo semestre de 2022 e além".

"Estamos muito atentos" à questão da energia e "em particular ao gás", devido ao seu impacto nos preços da eletricidade e na inflação, disse ela.

Em editorial desta quinta-feira, o jornal Le Figaro saudou a decisão do BCE de “enfim” subir o índice. “Alguns julgarão que essa iniciativa é tímida ou tardia demais, mas ninguém terá muito o que criticar: a inflação está tão forte na Europa, que todas as iniciativas visando parar a valsa das etiquetas de preços devem ser adotadas”, argumenta o texto.

Em um vislumbre de esperança, a economia europeia continua, de acordo com o BCE, a se “beneficiar” do levantamento das restrições sanitárias e da retoma da atividade econômica, especialmente o setor do turismo.

(Com informações da AFP)

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