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Mais ministros pedem saída de Boris Johnson; premiê pode anunciar renúncia nesta 5ª

A crise política se intensifica no Reino Unido, onde o governo de Boris Johnson estִá por um fio. Segundo a imprensa britânica, ele vai renunciar à presidência do Partido Conservador e fará um pronunciamento nesta quinta-feira (7). 

Premiê Boris Johnson vai fazer um pronunciamento aos britânicos nesta quinta-feira (7).
Premiê Boris Johnson vai fazer um pronunciamento aos britânicos nesta quinta-feira (7). REUTERS - HENRY NICHOLLS
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Cedo nesta manhã, o ministro britânico encarregado dos assuntos da Irlanda do Norte, Brandon Lewis, anunciou na que também se demite – 50 colaboradores já saíram desde a noite de terça-feira.

"Um governo decente e responsável é construído com honestidade, integridade e respeito mútuo – é com profundo pesar pessoal que devo deixar o governo, pois acredito que esses valores não são mais mantidos", disse ele, referindo-se ao primeiro-ministro. Lewis disse acreditar que o governo chegou a "um ponto sem retorno". Ele é o quarto ministro de alto escalão a anunciar sua renúncia nesta semana.

Simultaneamente ao anúncio de Lewis, mais três secretários de Estado também deixaram o gabinete. A demissão ocorre num contexto tenso em torno da Irlanda do Norte, depois que Londres apresentou um projeto de lei para uma revisão unilateral das disposições alfandegárias pós-Brexit na província, consideradas ilegais pela União Europeia. Por conta da iniciativa, os britânicos podem ser alvo de represálias comerciais dos europeus.

Onda de renúncias

A sequência de demissões começou na noite de terça-feira quando, sem aviso prévio, os ministros da Saúde, Sajid Javid, e o ministro das Finanças, Rishi Sunak, decidiram renunciar, seguidos por outros membros de baixo escalão do governo.

O sucessor nas Finanças, Nadhim Zahawi, pediu abertamente nesta manhã a partida do premiê. Quarta-feira à noite, o número de partidas chegou a quarenta, incluindo o ministro responsável pelo País de Gales, Simon Hart.

Crise política abala o 10 Downing Street, a residência oficial do primeiro-ministro britânico. (07/07/2022)
Crise política abala o 10 Downing Street, a residência oficial do primeiro-ministro britânico. (07/07/2022) REUTERS - PHIL NOBLE

Envolvido em diversos escândalos e acusado de repetidas mentiras, Boris Johnson ignorou os pedidos de renúncia durante todo o dia, inclusive de seus fiéis aliados. À noite, demitiu o ministro Michael Gove, encarregado do reequilíbrio territorial e que, pela manhã, havia defendido a saída do premiê.

Segundo a imprensa britânica, vários ministros de alto escalão pediram o mesmo, diante de uma situação que se tornou insustentável. Entre os nomes citados, estão o do Interior, Priti Patel.

Johnson agarrado ao poder

Boris Johnson disse que pretende permanecer no cargo para se concentrar nas "questões extremamente importantes" que o país enfrenta, conforme indicaram fontes do governo à imprensa. Em meio à revolta interna, que se espalha pelo Partido Conservador, o primeiro-ministro se agarra ao poder.

“Vamos continuar com o governo deste país”, assegurou o premiê à tarde, aos chefes das comissões parlamentares, momentos depois de ter afirmado que passava por uma semana “tremenda”. Combativo, ele julgou que não seria "responsável" deixar o poder no contexto atual, com a crise do poder aquisitivo e guerra na Ucrânia.

Pouco antes, durante a sessão semanal de perguntas diante dos deputados, pontuada por risos e ironias, Johnson havia afirmado que o “mandato colossal” que lhe havia sido confiado pelos eleitores em 2019 lhe conferia o dever de “continuar”.

Manobra para forçar saída

O líder trabalhista da oposição Keir Starmer criticou um "espetáculo patético", enquanto o líder nacionalista escocês do SNP na Câmara dos Comuns, Ian Blackford, exigiu uma eleição antecipada – ideia que o primeiro-ministro rejeitou de imediato.

"Johnson luta pela sobrevivência", diz a manchete do Times nesta quinta-feira, resumindo o sentimento da imprensa britânica após o que o Daily Telegraph descreveu como um "motim" governamental.

De acordo com uma pesquisa do Savanta ComRes publicada na quarta-feira, 72% dos britânicos acham que o primeiro-ministro deveria renunciar. Significativamente enfraquecido pelo escândalo de festas ilegais realizadas em Downing Street durante a pandemia de Covid-19, Johnson sobreviveu a um voto de desconfiança apresentado pelo próprio Partido Conservador no Parlamento, há um mês.

Mas, de acordo com a imprensa britânica, nos bastidores, os seus críticos estão manobrando para permitir uma nova votação rapidamente, alterando a regra atual que protege o chefe de governo por mais onze meses.

(Com informações da AFP)

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